O mercado financeiro tem respaldado com indisfarçáveis aumentos no Ibovespa e quedas na taxa de câmbio uma eventual chegada de Henrique Meirelles ao Ministério da Fazenda. Mas isso pode representar um claro sobrepreço: Meirelles não significa uma política econômica diferente da conduzida por Joaquim Levy.
O caminho atual será muito parecido com o que faria o ex-presidente do Banco Central. Essa não é a explicação principal para o ajuste de preços. A euforia com a troca parece resultado da visão de que Meirelles teria carta-branca para nomear uma nova diretoria para o BC e um outro ministro do Planejamento, em substituição a Nelson Barbosa, formando uma equipe mais coesa e capaz de impor à presidente Dilma uma coerência que hoje não existe na política econômica.
De fato, o governo ganharia com a maior capacidade de articulação de Meirelles. Mas é preciso lembrar os muitos elogios que Levy recebeu quando começou a negociar a pauta econômica com o Congresso. Naquela época, não muito distante, ele era o articulador favorito do governo e dos parlamentares. Agora, não é mais. Mas é ingenuidade política, ou um imenso desejo, acreditar que ministros poderosos podem impor decisões a um presidente da República.
Fonte: Valor Econômico