À medida que as eleições se aproximam da reta final, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciará mais um pacote de benesses ao setor produtivo. Desta vez, será para as empresas exportadoras, que andam ressentidas com a falta de uma estratégia mais definida para o setor. Nada garante que a ação produza algum impacto.
O chefe da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff tem encontro marcado na manhã de hoje com executivos das maiores companhias do país que atuam no mercado internacional na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
A expectativa é de que o ministro anuncie novas medidas, entre elas uma elevação do teto de restituição do Reintegra de 3% para 4%. “Isso (a elevação da taxa de 3% para 4%) vai ser discutido lá com eles (os exportadores). Cada medida que a gente toma, a gente espera um resultado e faz um acordo. É sempre assim. Não demite, não sei o quê e tudo mais. Então, não tem nada definido. E vamos discutir”, disse Mantega, em entrevista ao Correio publicada ontem. O programa de reembolso dos tributos pagos em cascata na produção, criado em 2011, devolvia 3% do total das vendas externas, mas havia sido cancelado no início deste ano. Em junho, o governo tornou o incentivo permanente, mas com elevação gradual da taxa, que estava em 0,3%. Em setembro, ele prometeu que, em 2015, a alíquota do Reintegra seria de 3%.
Mantega informou que há vários temas que serão discutidos no encontro e ele dará continuidade ao realizado no último dia 15. “Fizemos uma reunião com 25 grandes exportadores e eles pediram para a gente fazer uma discussão mais ampla. E são vários tópicos que eles têm para debater: desburocratização, agilização, redução de custo, Reintegra, financiamento da exportação. É essa agenda que estamos discutindo”, disse.
Exportação
Exportadores se queixam da falta de uma política de comércio externa menos dependente do Mercosul, que está em crise. A Argentina é o destino de mais de 80% dos produtos manufaturados brasileiros e que vem importando cada vez menos. Pelas contas de Mantega, o país vizinho importará metade dos 410 mil veículos que comprou do Brasil no ano passado. O setor também demonstra preocupação com o câmbio. O real valorizado estimula as importações e inibe a produção local, reduzindo o investimento no país. Aliada à elevada carga tributária local, a moeda cara deixa qualquer produto nacional sem capacidade de competir lá fora. Especialistas do setor apostam que o dólar deveria estar a R$ 3 para que o país voltasse a ter competitividade.
“É desejo do exportador que o câmbio esteja o mais desvalorizado possível. Não podemos simplesmente desvalorizar o câmbio para beneficiar o exportador, mesmo porque, às vezes, ele esquece que importa insumo ou que contraiu uma dívida em dólar. Tem que haver um certo equilíbrio. O mercado está flutuando”, disse Mantega.
Fonte: Correio Braziliense