A economia brasileira está rodando num ritmo ainda mais lento do que calculava o Ministério da Fazenda, o que indica “uma extensão do período de ajuste” devido à persistência das incertezas. Em nota, o ministério enfatizou a necessidade de aprovação do ajuste fiscal para reversão de quadro desfavorável e ressaltou a importância do combate à inflação para assegurar o poder de compra dos brasileiros.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a o Produto Interno Bruto (PIB) teve um tombo de 1,7% no terceiro trimestre ante o segundo, enquanto a Secretaria de Política Econômica (SPE) projetava queda de 1,1%.
“A consecução do ajuste fiscal, com mitigação do risco de perda do grau de investimento e que logre recuperar a confiança dos agentes econômicos, é fator indispensável para a reversão do cenário menos favorável em que tem se movido a economia brasileira nos últimos trimestres, notadamente a queda do investimento total, que persiste desde 2013”, afirma o ministério na nota.
A Fazenda chamou a atenção para a queda de 4% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e de 1,5% do consumo da famílias. A avaliação é que a FBCF foi influenciada pela diminuição dos investimentos da Petrobras. Já o consumo das famílias sofre com a alta de preços. ” O combate à inflação, inclusive no setor de serviços e com a convergência da variação do IPCA para a meta de 4,5% ao ano, permanece, portanto, central para a manutenção do poder de compra e recuperação da atividade econômica”, diz a nota.
O ministério enfatizou que “o desempenho do PIB tem sido de modo geral afetado pela incerteza de natureza econômica e não econômica que persiste há vários meses no Brasil, além do natural processo de reequilíbrio pelo qual passa a economia brasileira em consequência da queda dos preços das commodities e do fraco nível da atividade econômica mundial, com a decorrente queda da confiança de empresas e consumidores”. O ministério não menciona na nota, mas, dentre os fatos não econômicos, estão os efeitos da Operação Lava-Jato.
Para a Fazenda, o desempenho do terceiro trimestre indica “uma extensão” do período de ajuste “por fatores que vão além do impacto do reequilíbrio fiscal na demanda agregada, e decorrentes da persistência de incerteza”. Por outro lado, o reequilíbrio externo prossegue com a variação cambial e a desaceleração da demanda interna.
Fonte: Valor Econômico