Diogo Martins e Ana Paula Ragazzi Do Rio
Mesmo com os números conhecidos até agora apontando para uma outra direção, o governo federal mantém o discurso de que cumprirá a meta de superávit primário deste ano, de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
Ontem, foi a vez do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, reafirmar que o objetivo será cumprido, uma vez que “uma série de eventos” acontecerá até o fim de 2014, ajudando a elevar a arrecadação do governo.
Segundo ele, as desonerações às exportações devem aumentar a produção industrial e, assim, favorecer a arrecadação. Caffarelli disse esperar um avanço na produção industrial de agosto, que será divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação com julho, embora não tenha informado com qual número o ministério trabalha.
A atividade industrial, na avaliação do secretário, crescerá neste segundo semestre, já que na primeira metade do ano os feriados provocados pela Copa, diminuíram a produtividade do setor.
Caffarelli disse ainda que o Programa de Recuperação Fiscal (Refis) possibilitará uma arrecadação de R$ 18 bilhões.
“O governo brasileiro trabalha arduamente para que o fiscal fique dentro da expectativa e que mostre que o Brasil está comprometido com os pilares [econômicos]”, disse o secretário, ao ser questionado sobre a possibilidade de o Brasil ter sua nota de crédito rebaixada e perder o grau de investimento.
As afirmações de Caffarelli foram feitas um dia depois da divulgação dos números do setor público não financeiro consolidado, que registrou , em agosto, déficit de R$ 14,460 bilhões em suas contas primárias, o maior para este mês desde o início da série histórica do BC, no fim de 2011. Em julho, o déficit foi de R$ 4,715 bilhões. Ele minimizou os números. “A arrecadação do governo é de R$ 1,3 trilhão por ano”, afirmou.
Quanto ao uso do Fundo Soberano para o cumprimento da meta fiscal, o secretário-executivo da Fazenda disse que ainda não há definição sobre o assunto.
“Não temos nada definido com relação ao uso do Fundo Soberano. As ações do Banco do Brasil não serão prejudicadas.
Em nenhum momento, vamos colocar ações do Banco no mercado”, afirmou ele. “Pode-se vender [ações do Banco do Brasil], mas não há necessidade de fazer oferta pública”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico