Fed aumenta os juros e mantém projeção de mais três altas em 2018

    Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) aumentou ontem as taxas de Juros de curto prazo pela terceira vez no ano e disse que deverá traçar um caminho parecido no ano que vem, sinalizando uma continuidade em sua política no momento em que passa por uma mudança em sua liderança.

    As autoridades do Fed aumentaram a taxa referencial de juro em 0,25 ponto percentual, para uma faixa entre 1,25% e 1,5%, e elevaram as projeções de crescimento da economia. Também disseram que esperam continuar aumentando as taxas se o desempenho econômico continuar dentro de suas projeções.

    Fed não mudou significativamente as projeções sobre o rumo dos Juros ou da inflação, embora suas autoridades agora apostem num crescimento mais acelerado da economia e uma maior solidez do mercado de trabalho do que projetavam três meses atrás. As autoridades agora calculam três aumentos de 0,25 ponto porcentual para o ano que vem, dois aumentos em 2019 e mais dois em 2020.

    As novas projeções mostram que as autoridades esperam um crescimento de 2,5% da economia neste e no próximo ano, projeções que em setembro foram de 2,4% e 2,1%, respectivamente.

    As autoridades não mudaram significativamente suas previsões sobre a inflação, muito embora projetem que a taxa de desemprego cairá para 3,9% em 2018 e 2019, menos que a previsão anterior de 4,1% e abaixo do nível que eles acreditam que deverá prevalecer no longo prazo, que permaneceu inalterado em 4,6%.

    No comunicado emitido após a reunião, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) descreveu o mercado de trabalho como forte. “O comitê continua acreditando que, com os ajustes graduais na política monetária, a atividade econômica vai expandir num ritmo moderado e as condições do mercado de trabalho continuarão sólidas”, disse o comunicado.

    Charles Evans, presidente do Fed de Chicago, e Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, foram os votos divergentes na reunião de ontem. Os dois executivos preferiam que a taxa referencial de juro ficasse inalterada.

    A grande questão dos dois dias de reunião foi o quanto as autoridades do Federal Reserve esperam elevar as taxas de Juros nos próximos anos. A possibilidade de novos estímulos fiscais, combinada com as contratações sólidas e o valor elevado dos ativos, podem pesar a favor da aceleração do ritmo para evitar um superaquecimento da economia. Mas a inflação baixa e o crescimento modesto dos salários poderão dar suporte à abordagem bastante gradual.

    Em coletiva após a reunião, Janet Yellen, que preside o Fed até o começo de fevereiro, afirmou que os preços dos ativos podem estar “elevados” – em meio a sucessivos recordes batidos pelo mercado de ações -, mas isso não conta como um grande risco. “Quando olhamos para outros indicadores de risco de estabilidade financeira, não há nada ‘piscando vermelho’ ou possivelmente até amarelo”, disse Yellen. “Temos um sistema bancário forte, muito mais resiliente, e não estamos vendo um acúmulo preocupante de alavancagem ou crescimento do crédito em níveis excessivos.”

    Para a banqueira central, o bitcoin desempenha um papel muito pequeno no sistema de pagamento, “não é um armazenamento estável de valor” e “é um bem altamente especulativo”. Mas, segundo ela, o Fed não tem nenhum papel na regulamentação do bitcoin além de garantir que os bancos gerenciem adequadamente “todas as interações que eles têm com os participantes nesse mercado e monitorando adequadamente as atividades de lavagem de dinheiro”.

    A presidente do Fed também disse estar preocupada com os impactos do corte de impostos proposto pelo governo Trump sobre a trajetória da dívida dos EUA. Ela ponderou, entretanto, que os membros do Fomc esperam que o projeto de lei ajude a impulsionar o crescimento econômico.

    Wall Street reagiu à decisão do Fed. O dólar recuou em relação a suas principais referências. Como a decisão era amplamente esperada, os investidores buscavam mudanças nas indicações sobre o que acontecerá no ano que vem, e acabaram se decepcionando.

    O ICE Dollar Index atingiu novas mínimas. No fim das operações em Nova York, o ICE tinha baixa de 0,71%, a 93,43. O euro subia 0,74%, para US$ 1,1825. O dólar perdia 0,91% ante o iene, a 112,50 ienes.

    As bolsas de Nova York se mantiveram no campo positivo. Na reta final, contudo, o S&P 500 zerou os ganhos. O Dow Jones fechou em alta de 0,33%, a 24.585,43 pontos, e o S&P 500 recuou levemente (-0,05%), a 2.662,85 pontos, enquanto o Nasdaq ganhou 0,20%, para 6.875,79 pontos.

    O novo aumento de ontem representou a quinta vez desde o fim de 2015 que o Fed subiu a taxa referencial em 0,25 ponto, após mantê-la próxima de zero por sete anos. Em outubro, o Fed começou a reduzir seu portfólio de bônus e outros ativos avaliado em US$ 4,5 trilhões.

    “Tenho menos fatores tirando o meu sono agora do que em um longo tempo”, desabafou Yellen, no fim da entrevista coletiva. (Com agências internacionais)

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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