Fed endurece normas de liquidez

    Por Jesse Hamilton e Jim Brundsden | Bloomberg

    Os maiores bancos americanos terão de manter um volume suficiente de ativos facilmente vendáveis para sobreviver a um jejum de crédito de 30 dias, de acordo com as normas de liquidez do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA). As novas regras ampliam os padrões internacionais adotados no início do ano.

    A proposta do Fed de nível de cobertura de liquidez, aprovada ontem por unanimidade em reunião em Washington, vai além de Basileia 3, adotada em janeiro, e prevê implementação anterior à da União Europeia (UE). O plano dos EUA, cujo maior grau de rigidez contempla bancos com mais de US$ 250 bilhões em ativos ou com significativo alcance internacional, propõe implementação em 2017 – dois anos antes do prazo final fixado pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basileia.

    “A norma proposta instaurará, pela primeira vez nos Estados Unidos, uma exigência quantitativa de liquidez que promoverá um sistema financeiro com maior capacidade de absorção de choques e mais seguro”, disse o presidente do Fed, Ben Bernanke, antes da votação que aprovou o plano.

    A proposta requer a formação de uma reserva de cerca de US$ 2 trilhões, e o Fed estima que falta aos bancos americanos US$ 200 bilhões para alcançar. O comitê da Basileia aprovou em janeiro um nível de cobertura de liquidez que visa garantir a sobrevivência dos bancos durante um aperto de crédito, sem o tipo de ajuda governamental que se tornou necessário após a crise de 2008. Esse parâmetro permitirá que os bancos transcendam o caixa e a dívida soberana de baixo risco e adotem como base uma linha ampliada de ativos.

    A versão americana incluirá um volume limitado de instrumentos de captação para empreendimentos patrocinados pelo governo, ao mesmo tempo em que exclui valores mobiliários de bandeira privada garantidos por contratos de crédito imobiliário.

    As normas, abertas pelo Fed a um período de 90 dias de consulta pública, também precisam ser aprovadas pelo FDIC (órgão garantidor dos depósitos bancários nos EUA) e pela Controladoria da Moeda Corrente do Departamento do Tesouro americano.

    Os bancos poderão usar um volume ilimitado de dinheiro, de títulos do Tesouro e de reservas do BC para cumprir a exigência e poderão também manter 40% do nível de liquidez em ativos de menor liquidez. Entre esses outros ativos estão títulos soberanos com uma ponderação de risco de 20% e papéis das associações de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac, sujeitos a deságio de 15%. Uma fatia de 15% da liquidez exigida poderá ser constituída por dívida corporativa e ações negociadas em bolsa, ambas com grau de investimento, e deságio de 50%.

    A proposta do Fed também é mais rigorosa que Basileia 3 ao estimar a fuga de capital provocada por uma crise: solicita que os bancos calculem seu dia de maior custo dentro de um período de 30 dias, em vez de usar o 30º dia, segundo memorando dos funcionários ao conselho de administração.

    Bancos com mais de US$ 50 bilhões e menos que US$ 250 bilhões em ativos serão submetidos a uma versão mais limitada da norma de liquidez, que exige um mínimo de 21 dias de ativos líquidos à disposição. “Essa norma assegurará que as posições de liquidez de nossas empresas bancárias não se enfraqueçam na medida em que as lembranças da crise perderem força”, disse Daniel Tarullo, membro do conselho de diretores do Fed.

     

    Fonte: Valor Econômico

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