Fim de programa do BC pode pressionar dólar

    Por José de Castro e Silvia Rosa | De São Paulo

    O mercado operou ontem, dia em que ALEXANDRE TOMBINI, presidente do BC, participou de audiência no Senado, sob a expectativa da renovação ou não do programa de swap cambial. Apenas no início da noite, com o mercado já fechado, o Banco CENTRAL anunciou que o programa de oferta diária de contratos de swap cambial, em vigor desde 22 de agosto de 2013, não será renovado. 

    Apesar da autoridade monetária ter sinalizado recentemente a possibilidade de fim da “ração diária”, o que já estava em boa parte refletida nos preços no mercado, a decisão pode elevar a demanda pela moeda americana, ao sinalizar uma redução das intervenções no câmbio. 

    Ontem o dólar comercial fechou em baixa de 0,58%, a R$ 3,126, em sintonia com o exterior. 

    Criado para oferecer proteção cambial para os agentes de mercado, o programa conhecido como “ração diária” chegou a ser renovado por duas vezes e foi estendido até 31 de março. Atualmente, compreendia a oferta diária de até US$ 100 milhões nesses papéis. 

    Ontem TOMBINI, no Senado, sinalizou que deve manter a rolagem do estoque de US$ 114 bilhões nesses instrumentos cambiais, o que tranquilizou um pouco o mercado e ajudou a sustentar a queda da moeda americana. 

    Em nota, o BC se comprometeu a renovar integralmente os swaps cambiais vincendos a partir de 1º de maio de 2015, levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições de mercado. A autoridade monetária ainda se comprometeu a ofertar linha de dólar com compromisso de recompra de acordo com as condições de liquidez do mercado. 

    Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, TOMBINI destacou que o estoque de instrumentos ofertados já atende à demanda por proteção cambial. A leitura do mercado é que o BC pretende manter esse nível de estoque. 

    Essa estratégia dá mais liberdade para a autoridade monetária ajustar as atuações no câmbio aos eventos à frente, que podem trazer maior volatilidade para os mercados. O principal deles, mencionado por TOMBINI, é o rumo da política monetária americana. 

    Apesar dos preços no mercado de câmbio já refletirem em parte esse cenário, havia uma preocupação de que, ao encerrar a ração diária, o BC iniciasse um processo de desmonte do estoque de swaps cambiais, dada a orientação da nova equipe econômica a favor da redução das intervenções no câmbio para aumentar a competitividade da economia brasileira. “O BC tem sinalizado que não quer mais aumentar o estoque, mas também não está com cara de que vai reduzi-lo de forma rápida”, diz afirma avalia Silvio Campos, economista da Tendências Consultoria. 

    Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, o BC tem dado sinais de que caminha para diminuir as intervenções, como parte da retomada do tripé macroeconômico – câmbio flutuante e metas fiscal e de inflação. 

    O economista da Franklin Templeton Investimentos Vagner Alves lembra que a manutenção do estoque de swaps vai depender especialmente da política monetária americana. 

    Por enquanto, a pressão vinda do cenário externo tem dado uma trégua, com o Banco CENTRAL americano sinalizando que a alta de juros será em um ritmo mais moderado que o esperado, o que tem ajudado a manter o fluxo para portfólio no Brasil. 

    TOMBINI ainda destacou que a política monetária continuará vigilante, o que reforça apostas na continuidade do aumento dos juros na reunião do Copom em abril. Ontem, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2016 recuou para 13,56% ante 13,6% do dia anterior. Já o DI para janeiro de 2017 caiu para 13,44%, ante 13,45% do ajuste anterior.

     

    Fonte: Valor Econômico

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