O FMI avisou ontem no G-20 que vai apresentar propostas em janeiro para superar o bloqueio dos EUA à reforma de quotas do Fundo, o que daria mais poder decisório dos emergentes nessa entidade central nas finanças mundiais.
O Valor apurou que, nos debates em Brisbane, a delegação americana reiterou que a Casa Branca está fazendo esforços para aprovar a reforma, bloqueada desde 2010 no Congresso. Mas a paciência com o atraso está acabando.
O comunicado do G-20 vai refletir essa situação, mencionado “profundo desapontamento com o continuo atraso” na reforma de quotas e da governança do FMI.
O G-20 conclama os EUA a ratificar a reforma das cotas até o fim do ano. Mas isso parece politicamente mais difícil para o presidente Barack Obama agora que os republicanos controlam também o Senado. Nos seus encontros de cúpula, os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) insistiram que o acordo de 2010 é um dos fundamentos da cooperação no G-20, na qual os emergentes assumiriam mais responsabilidade no FMI.
Após duras negociações, países ricos e emergentes chegaram a um acordo político, pelo qual o FMI seria fortalecido com recursos adicionais em troca de mais participação dos emergentes nas decisões.
Pelo arranjo, não aprovado até hoje pelos EUA, o Brasil ficaria entre os dez maiores em cotas e em poder de voto na instituição.
Sem a ratificação dos EUA, que tem mais de 15% de poder de voto e veto na prática (é preciso 85% de adesão para aprovação no FMI), segue empacada outra etapa de mudanças, a revisão da fórmula e novo aumento de cotas, que já tinha ficado para janeiro de 2015. (AM)
Fonte: Valor Econômico