Governo dos EUA começa a parar

    Com o impasse na votação do orçamento, mais de 800 mil funcionários públicos serão colocados de licença não remunerada. Os militares terão seus salários garantidos, por ato do presidente Obama

    O governo dos Estados Unidos iniciou nos primeiros minutos de ontem o processo de paralisação parcial de suas atividades, depois que o Congresso fracassou em aprovar o orçamento para o novo ano fiscal, iniciado neste 1° de outubro. É a primeira vez que o governo enfrenta a necessidade de uma paralisação das atividades em 17 anos.

    A Casa Branca determinou no final da noite de segunda-feira o início da paralisação em várias agências federais. “As agências devem executar os planos para uma paralisação ordenada diante da ausência de recursos”, destacou em um memorando Sylvia Mathews Burwell, diretora do bureau de Orçamento da Casa Branca.

    A decisão ocorreu após o Senado, de maioria democrata, rejeitar na segunda-feira à noite anova versão do projeto de lei orçamentário aprovada minutos antes pela Câmara de Representantes, de maioria republicana. Os senadores democratas rejeitaram o texto do Orçamento devido ao artigo que adia a entrada em vigor da reforma de saúde promovida pelo presidente Barack Obama, a chamada Obamacare, prevista para ontem.

    A Câmara de Representantes havia adotado um terceiro projeto temporário, por 228 votos a 201, aprovando o Orçamento mas retardando, por um ano, a aplicação do Obamacare.

    Para o senador democrata Harry Reid, os legisladores do partido Republicano “perderam a cabeça” e preferiram provocar a paralisação do governo federal apenas para impedir a reforma do sistema de saúde. “Albert Eistein dizia que a estupidez consiste em fazer a mesma coisa, várias vezes, pensando em se obter um resultado diferente”, ironizou o senador Reid em referência aos deputados do partido Republicano.

    Mais de 800 mil entram em licença sem remuneração. Sem novas verbas, algumas agências do governo federal iniciaram o licenciamento, sem remuneração, de mais de 800.000 funcio-

    Os senadores democratas entenderam como uma provocação e reformularam o texto para garantir a aplicação da reforma da saúde, a mais importante até agora na gestão Obama.

    A lei conhecida como “Obamacare” torna obrigatórios os seguros de saúde e destina fundos públicos para subsidiar as pessoas que não têm capacidade de adquiri-los. Os republicano entendem que a norma disparará o já enorme déficit fiscal. Aumento do teto da dívida de US$16,7 trilhões

    O Congresso deve votar, além disso, um aumento do limite legal do endividamento do país, atualmente em US$ 16,7 trilhões, sem o qual os EUA se arriscam à primeira moratória de sua história a

    partir de 17 de outubro.No momento, o Estado federal funcionou graças a “medidas extraordinárias” adotadas pelo departamento do Tesouro, mas o titular dessa pasta, Jacob Lew, advertiu que em meados de outubro os fundos acabarão.

    Para a maioria dos americanos (46%), o agora efetivo fechamento parcial de repartições públicas é de responsabilidade dos republicanos, enquanto 36% culpam o governo, segundo pesquisa da CNN/ORC International publicada na segunda-feira, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais.

     

    Fonte: Brasil Econômico

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