Governo estuda mudar transição da aposentadoria para incluir mais gente

    O relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), afirmou nesta quinta-feira (6) que o projeto enviado pelo governo ao Congresso deverá sofrer mudanças em cinco pontos, incluindo na regra de transição.

    Maia disse que o governo estuda incluir na regra de transição trabalhadores mais jovens, mas que ainda não há nenhuma definição sobre como serão essas mudanças.

    Pela proposta inicial do governo, é necessário ter 50 anos (homens) e 45 anos (mulheres) para ter acesso à transição. Quem entrasse na regra poderia se aposentar antes dos 65 anos, mas teria de trabalhar 50% a mais do tempo que falta para se aposentar.

    “As prováveis mudanças que acontecerão na regra de transição, elas serão primeiro no sentido de você trazer a idade para inclusão na regra de transição um pouco mais para trás, que não fique apenas em 50 anos para frente. A outra questão é haver uma compatibilização entre idade mínima e tempo de contribuição”, disse Maia.

    Maia já havia dito, há um mês, que considerava a regra de transição “muito abrupta”.

    Outros 4 pontos a serem mudados

    Além da transição, outros pontos a serem modificados, segundo o deputado, são:

    • Aposentadorias de professores e policiais;
    • Regras para trabalhadores rurais;
    • Pensões;
    • Benefício de Prestação Continuada (BPC) –atualmente, benefício no valor de um salário mínimo pago a idosos e pessoas com deficiência que comprovem não ter como se manter.

    O anúncio foi feito por Maia após uma reunião com o presidente Michel Temer. De acordo com Maia, a maior parte das emendas apresentadas ao projeto e demais sugestões de modificação que chegaram à comissão da Câmara e ao presidente se referem a esses cinco pontos.

    Maia afirmou que, apesar das mudanças, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Previdência vai manter o equilíbrio fiscal do país.

    Também durante a entrevista, o presidente da Comissão da reforma da Previdência, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), informou que a apresentação do parecer do relator foi adiada para o dia 18 de abril.

    Idade mínima de 65 anos não muda

    Um dos principais pontos definidos pelo governo na proposta de reforma da Previdência é a idade mínima de 65 anos para os trabalhadores se aposentarem, tanto homens como mulheres.

    Arthur Maia disse que não está prevista nenhuma mudança em relação à idade mínima e que ela não está entre os pontos mais questionados por parlamentares.

    “No máximo, o que você ouve sobre idade mínima, sobretudo por parte da bancada feminina da Casa, é que haja alguma flexibilização em relação à idade da mulher, que não é ainda um ponto que nós pretendemos incluir no nosso relatório”, afirmou.

    Mais cedo, Michel Temer deu entrevista à rádio Bandeirantes afirmando que autorizou mudanças na reforma para que ela seja aprovada, desde que a exigência de idade mínima não seja alterada.

    “Eu acabei de autorizar o relator a fazer os acordos necessários nesse tópico desde que se mantenha a idade mínima, que é o que aconteceu em vários países”, afirmou Temer.

    Em março, o governo havia anunciado uma mudança à proposta original, excluindo servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência.

    Pesquisa aponta falta de apoio no Congresso

    Pesquisa feita pelo jornal “O Estado de S. Paulo” com deputados revelou, na quarta-feira (5), que a proposta do governo sobre a reforma da Previdência seria rejeitada por mais de 240 parlamentares, mesmo com a opção de suavizar o texto.

    Para aprovar a reforma, o governo precisa de 308 votos favoráveis, de um total de 513 deputados.

    Matéria anteriorCom 13 deputados, PTN comunica ao Planalto rompimento com governo Temer
    Matéria seguinteBC não investigou indícios de irregularidades no Panamericano, diz sindicato