Desde a primeira semana de maio, a educação financeira ganhou mais alcance no país. A Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), entidade responsável por executar as ações da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), lançou a Plataforma Aberta (edufinanceiranaescola.org.br), um portal que reúne nove livros em formato eletrônico sobre o tema. As obras incluem volumes segmentados para professores, alunos e atividades e têm como foco o público do ensino médio (colegial).
De acordo com Silvia Morais, superintendente da AEF-Brasil, a plataforma é totalmente aberta e gratuita, ou seja, as obras podem ser baixadas por qualquer escola, pública ou privada, instituições civis ou pessoas que estejam envolvidas com iniciativas de educação financeira. “É preciso apenas um cadastro, que vai servir para que possamos saber aonde está chegando o material”, diz.
Os livros usam exemplos do cotidiano para ilustrar temas como orçamento, consumo consciente, planejamento financeiro, projetos de vida, poupança, trabalho, aposentadoria, empreendedorismo e até mesmo itens de macroeconomia, como conceitos de balança comercial, bancos centrais e blocos econômicos.
Na visão de Silvia, a proposta do portal é tratar a educação financeira em um sentido mais amplo, que vai além de Finanças pessoais. “Abordamos um conhecimento que empodera o cidadão para que ele consiga construir seu projeto de vida”, afirma.
A Plataforma Aberta faz parte de um programa maior, desenvolvido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), voltado à inclusão de aulas sobre educação financeira no ensino médio. De acordo com o coordenador geral de ensino fundamental do MEC, Italo Modesto Dutra, em uma primeira fase que deve ter início em meados do segundo semestre deste ano, 2.962 escolas da rede pública de 27 estados vão receber os livros impressos, que já estão disponíveis em versão eletrônica no site da AEF-Brasil. “O ministério vai investir R$ 6 milhões apenas para imprimir e distribuir 1,9 milhão de exemplares às unidades”, afirma Dutra.
De acordo com a superintendente da AEF-Brasil, os professores das unidades de ensino que vão receber o material terão ainda uma capacitação específica para usar o material, por meio de uma plataforma de ensino à distância. “Serão 40 horas oferecidas pela AEF-Brasil a três profissionais por escola”, conta Silvia.
Conforme o representante do MEC, cada escola vai receber uma verba de R$ 6 mil a R$ 7 mil para ajudar no apoio pedagógico do trabalho da temática. Dutra afirma ainda que o programa, neste início, contará com uma fase piloto na qual será avaliado o impacto da ação antes de ser ampliada.
Apesar da iniciativa, o coordenador do MEC ressalva que a educação financeira não deve se tornar uma disciplina dentro da grade curricular do ensino básico, que abrange o fundamental (do 2º ao 9º anos) e o médio. “Recebemos com frequência pedidos para a inclusão de novas disciplinas. Mas no caso da educação financeira, enxergamos o tema como um assunto interdisciplinar, que interliga várias abordagens”, explica Dutra.
Segundo Silvia, da AEF-Brasil, a visão interdisciplinar é um entendimento que não se trata apenas de ensinar a lidar com dinheiro. “Os contextos financeiros unem-se aos sociais. É importante pensar a educação financeira como um meio para se transformar vidas.”
Fonte: Valor Econômico