Claudia Safatle De Brasília
O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve fixar, na reunião do dia 26, a meta de inflação para 2016 em 4,5%, repetindo o percentual que vigora desde 2005. Será, assim, o 12o ano com essa mesma meta. Esta é a proposta que será levada à discussão do CMN. A margem de tolerância, para mais ou para menos, também será mantida em dois pontos percentuais, o que significa que, na presença de algum choque de preços, a inflação pode chegar a 6,5% ou, na melhor das hipóteses, cair para até 2,5%.
O governo entende que, antes de qualquer tentativa de retomar o processo de desinflação, é preciso levar o índice oficial (IPCA) para a meta, de onde escapou em 2010 e vem, desde então, rondando o patamar de 6%. A menor taxa nesse período foi de 5,84% em 2012.
Nos 12 meses acumulados até maio, o IPCA atingiu 6,37%. A expectativa do Banco CENTRAL é que a inflação supere o teto de 6,5% antes das eleições, mas caia para um percentual mais próximo de 6% no fim do exercício.
As expectativas do mercado estão desancoradas para este e os próximos anos e essa é uma batalha que o BC tem perdido. O Comitê de política monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros em 3,75 pontos percentuais desde abril de 2013 – de 7,25% para 11% – para conter as pressões inflacionárias. Os juros afetam primeiro a atividade econômica, reduzindo seu ritmo, para depois produzir moderação no comportamento dos preços de bens e serviços.
Mesmo com a alta da taxa Selic, as expectativas não cederam porque, hoje, há um fator que impede melhores prognósticos para o futuro: a repressão de alguns preços importantes da economia, como os de energia e gasolina, cujo atraso deve ser corrigido neste e no próximo ano. Não há clareza, entretanto, se o processo de correção se esgota nesse período ou se estenderá por mais tempo.
Em 2006, quando o IPCA caiu para 3,14%, o governo perdeu oportunidade única de ousar no processo desinflacionário.
Mesmo com taxa efetiva e as expectativas inferiores à meta, o CMN confirmou para 2007, e fixou para 2008, meta de 4,5%, com a mesma margem de tolerância.
Apesar de o BC ter proposto redução da meta na ocasião, o Ministério da Fazenda discordou, temendo que, ao buscar inflação menor, o Copom comprometesse o crescimento.
Fonte: Valor Econômico