Por Eduardo Campos e Fábio Pupo | De Brasília
O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou uma mudança na regulação dos fundos de previdência e seguradoras que vinha promovendo uma distorção tanto no mercado de títulos da dívida pública, notadamente as NTN-Fs, quanto na curva de Juros futuros (DI).
Uma regra editada em 2015 determinava que o prazo médio mínimo da carteira (duration) de títulos deveria ser de dois anos. O objetivo na época era estimular o alongamento de prazos e fazer uma desindexação dos investimentos da taxa Selic. No entanto, ao longo do ano passado a existência dessa regra passou a gerar um aumento na inclinação da curva de Juros futuros e uma demanda tão elevada por ativos prefixados que os títulos passaram a apresentar prêmios negativos persistentes.
Para atender à regra as instituições de previdência compravam um título prefixado de prazo longo e faziam uma operação casada no mercado de Juros futuros para reduzir o risco de perdas com a volatilidade.
A regra passou a gerar distorções no mercado conforme mudou o cenário para as taxas de Juros. A Selic caiu e a previsão do mercado é de Juros baixos por mais tempo. Assim, o alongamento e desindexação das carteiras se torna algo mais natural.
Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Leandro Secunho, esse movimento foi mais acentuado no decorrer do segundo semestre do ano passado, quando o tema também passou a ser debatido por Instituições Financeiras e pelo Tesouro. A persistência dessa distorção é que levou à mudança de regra.
Secunho explicou que o investidor busca baixa volatilidade, mas a norma impedida anteder a duration mínima de dois anos. “Então eles compravam derivativos e isso distorcia a curva futura. A regulação vinha causando distorção. Os títulos tinham prêmio negativo sobre do DI”, disse.
De acordo com Secunho, a expectativa é que a medida reduza a inclinação da curva de Juros futuros, pois havia forte demanda por DIs mais longos, e que também promova uma normalização nos prêmio e demanda por NTN-Fs.
A redução dessa duration de dois anos para zero acontecerá de forma gradual, começando em setembro e indo até 2020, mas o impacto no mercado poderá ser sentido de imediato. “É esperado sim impacto no mercado, a partir desta sexta, conforme esse prazo vai sendo reduzido. Se espera redução na inclinação da curva e redução do prêmio negativo das NTN-Fs”, disse Secunho.
Fonte: Valor Econômico