Governo trabalha para votar reforma da Previdência até o dia 6

    Após atender o Centrão e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com a substituição do ministro das Cidades, o governo passou a trabalhar com o dia 6 de dezembro como data limite para votar a Reforma da Previdência na Casa. Os partidos aliados ao Executivo começarão hoje as reuniões com suas bancadas para avaliar o apoio depois das mudanças sinalizadas pelo relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), no texto.

    A data de 6 de dezembro saiu de reuniões do fim de semana. O governo teria três semanas para se articular. Como promove mudanças na Constituição, serão necessários dois turnos de votações, o que levará pelo menos duas semanas com toda a obstrução que a oposição deve fazer.

    O prognóstico inicial continua desfavorável ao projeto. Mesmo após a troca na Esplanada, deputados da base dizem que a perspectiva em relação à Previdência não muda por causa da eleição de 2018, quando a maioria dos parlamentares disputará novos mandatos. “Acho que a reforma ministerial não vai interferir nada na [reforma] da Previdência. Continuo com a mesma posição de antes, é muito difícil aprovar”, disse o líder do PSD na Câmara, deputado Marcos Montes (MG).

    A avaliação de outros líderes, reservadamente, é de que as trocas ministeriais servirão para consolidar a base que acompanhou o governo nos momentos mas difíceis, como nas duas denúncias criminais contra o presidente Michel Temer. Mas não necessariamente garantirão novos votos porque para isso seria necessário conquistar os dissidentes, enquanto a mudança estaria privilegiando aqueles que mais apoiaram o governo.

    Baldy se filiará ao PP, partido que foi mais “fiel” a Temer na segunda denúncia criminal. Já o PSDB, que votou dividido sobre a permanência de Temer e promete apoiar a reforma, embora a maioria de seus deputados seja contra o projeto aprovado pela comissão da Câmara que discutiu a proposta, perderá espaço: já ficou sem Cidades e a tendência é sair do comando da articulação política.

    O presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, convocou reunião do partido para discutir a reforma amanhã. O encontro, contudo, é criticado mesmo por aliados do governo Temer. “Não parece muito adequado fazer isso num momento em que o partido está dividido”, afirmou o presidente do PSDB em Minas Gerais, deputado Domingos Sávio. O tucano ainda defende que a reunião só deveria ocorrer após o governo apresentar um novo texto “porque bem mais da metade da bancada deve ser contra. o projeto aprovado na comissão”. “Eu sou contra”, diz.

    Ontem, em evento com empresários em Porto Alegre, Maia criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por discursar contra a reforma do sistema previdenciário. Para o presidente da Câmara, o petista atua de forma “populista”. “Esperava que o presidente Lula, com a experiência que teve, com algum sucesso em algumas áreas, mesmo sendo pré-candidato, que tem alguns temas que em determinado momento não podem fazer mais parte da briga política”, afirmou Maia.

    O presidente da Câmara citou ainda pesquisas que mostrariam que a rejeição à reforma está recuando e teria passado de 71% a 51% da população, sem informar a data e o responsável pelos levantamentos. Segundo Maia, a aprovação as mudanças na previdência seria hoje de 34% dos brasileiros. O governo tem investido pesado em propagandas para tentar melhorar a imagem do projeto e insistido que ele não prejudica os mais pobres. (Colaborou Patrícia Comunello, para o Valor, de Porto Alegre)

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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