Por Edna Simão | De Brasília
Apesar de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses até junho ter ultrapassado o teto da meta de 6,5% para o ano, o secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, reforçou o discurso de que a inflação está sob controle no país e fechará o ano dentro do que foi estabelecido pelo governo.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem que a inflação desacelerou de 0,46% em maio para 0,40% em junho. No acumulado em 12 meses, no entanto, ficou em 6,52%. “Até dezembro, nós acreditamos que a inflação estará dentro da meta anunciada pelo governo”, afirmou Holland, que vê tendência de queda para os próximos meses.
Para sustentar sua análise, o secretário destacou que houve diminuição no ritmo de aumento dos preços de alimentos e bebidas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2013, o que deve compensar possível pressão de alta dos preços administrados. “Houve deflação de alimentos e bebidas em junho, o que é benigno para a população brasileira”, destacou, lembrando que no mês passado esse grupo teve uma deflação de 0,11%.
Holland ressaltou que no primeiro semestre de 2013 a inflação de alimentos e bebidas era de 6% e no mesmo período deste ano passou para 5%. Além disso, o item de alimentação no domicílio também está desacelerando em relação ao primeiro semestre de 2013 e passou de 6,41% para 4,95%. Já nos alimentos in natura, conforme o secretário, a inflação era de algo em torno de 30% no primeiro semestre de 2013 e passou para 10,6% no acumulado dos seis primeiros meses deste ano. O secretário frisou que o índice de difusão da inflação recuou de 71% em março para 61% em junho. “A inflação está caindo, demonstra que está sob controle e o efeito está sendo sentido pela população brasileira”.
De acordo com o secretário, alguns grupos, como os serviços, tiveram um comportamento sazonal. Além da Copa do Mundo, junho também foi um período de férias. “A inflação em alguns grupos tem comportamento sazonal, mas mês a mês se dissipa”, destacou.
Com a queda da inflação de alimentos, assim como uma menor pressão dos preços de passagens áreas e hotéis, que influenciaram fortemente o IPCA de junho, Holland reforça que será possível amortecer as pressões por reajustes de preços como os das tarifas de energia elétrica. Ele frisou que o comportamento dos preços administrados e dos livres é acompanhado, mês a mês, com cuidado pelo governo.
Ele destacou também que, apesar da volatilidade no câmbio, em resposta a um cenário internacional conturbado, a inflação no país está sob controle e que as metas de inflação serão cumpridas.
O discurso de Holland está em linha com as declarações feitas pelo presidente do Banco CENTRAL (BC), ALEXANDRE TOMBINI, na semana passada. Segundo TOMBINI, a inflação está sob controle e terminará o ano dentro da meta. “A inflação mensal ao consumidor se encontra em patamar baixo e deve permanecer bem comportada nos próximos meses. Nesse sentido, deflações nos índices gerais de preços observadas recentemente tendem a se refletir com mais intensidade nos preços ao consumidor”, explicou. “A inflação acumulada em 12 meses deve permanecer ainda em patamar elevado, em parte, reflexo do choque de preços dos alimentos no início do ano, concentrado em março, e, em parte, reflexo do realinhamento de preços relativos que ocorre na economia brasileira”. Em relação ao choque de preços de alimentos, o presidente do BC disse que “estes estão se dissipando”.
Fonte: Valor Econômico