Graça cai e o sucessor será indicado amanhã

    É oficial: a presidente da Petrobras, Graça Foster, e outros cinco diretores renunciaram ao cargo. Em comunicado ao mercado emitido na manhã de ontem, a empresa afirma que “o Conselho de Administração se reunirá na próxima sexta-feira, para eleger nova Diretoria face à renúncia da Presidente e de cinco Diretores”.

    A nota da Petrobras atende a pedido da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a xerife do mercado financeiro, diante da informação de que o Palácio do Planalto já havia avisado Graça de que ela seria substituída.

    Sua permanência no cargo ficou insustentável em meio às denúncias de corrupção na Petrobras, levantadas na Operação Lava Jato, e à clara ineficiência na execução de projetos.

    QUEIXAS A DILMA

    Na sexta, Graça reclamou com a presidente sobre a pressão que vem sofrendo e colocou, novamente, seu cargo à disposição. Ao contrário das negativas anteriores, desta vez Dilma concordou com a saída da auxiliar, de quem é amiga. A posição de Dilma só mudou depois que o Conselho de Administração da empresa divulgou, na semana passada, uma baixa em seus ativos da ordem de R$ 88 bilhões, fruto de desvios e ineficiência nos projetos.

    O número acabou fora do balanço não auditado referente ao terceiro trimestre de 2014, mas enfureceu Dilma, que considerou a conta descabida e superestimada.

    Para ela, conforme definiram assessores, a sua mera divulgação foi um “tiro no pé.” Na opinião de ministros, a chefe daempresa jamais poderia ter deixado que os consultores contratados para fazer o cálculo chegassem a um número tão alto sem contestação da metodologia.

    MERCADO REAGE

    O episódio acabou deteriorando ainda mais a situação financeira da Petrobras, que perdeu quase 3/4 de seu valor de mercado nos últimos anos devido à política de investimentos considerada inflada e à corrupção. 

    A CMV pediu esclarecimentos após a notícia causara forte alta nas ações da empresa durante o pregão de terça.

    Logo após a confirmação da saída da presidente, os papéis preferenciais chegaram a subir 7,80% e os ordinários, 8,27%, mas passaram a oscilar

    Nem todos pedem as contas Com Graça Foster, cinco diretores da Petrobras se demitiram, mas dois não assinaram o pedido de exoneração. O primeiro deles é José Eduardo Dutra, ex-presidente nacional do PT, que enfrenta problemas de saúde. O diretor de Governança João Adalberto Elek, que tomou posse no mês passado, também fica.

    Renunciaram Almir Barbassa, diretor financeiro; José Alcides Santoro Martins ( gás e energia), José Antônio de Figueiredo (engenharia); José Miranda Formigli Filho (exploração e produção); e José Carlos Cosenza (abastecimento). O novo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, tomou posse ontem e já anunciou que levará o bloqueio de bens de Graça Foster ao plenário da Corte.

     

    CUIDADO COM SEU BOLSO

    1 O pequeno investidor deve tomar cuidado para não embarcar em momentos de euforia com a mudança na direção da Petrobras, como ocorreu na terça, quando as ações subiram 15%.

    2 Os papeis da empresa deverão ter forte oscilação ao sabor de boatos, alguns deles plantados para mexer com o mercado. As ações preferenciais (sem voto) chegaram ontem a subir 7,8%.

    3 Não se recomenda a compra de ações da empresa, apesar de elas estarem em baixa. Para quem já comprou, a sugestão é vender nos momentos favoráveis e recuperar o prejuízo fazendo outra aplicação.

     

    88 BILHÕES de reais foram a perda admitida pela empresa

    Cinco nomes do setor privado estão na lista

    A troca na presidência da estatal só não ocorreu ainda por falta de um sucessor imediato a Graça Foster.

    Alguns dos cotados mostraram resistência em assumir o cargo antes da atual diretoria resolver os problemas do balanço financeiro da empresa.

    O Palácio do Planalto procura um nome de fora da companhia, de preferência do mercado, que dê um choque de credibilidade à empresa, mas tem enfrentado dificuldades para encontrar um executivo que se disponha a assumir o controle da estatal em meio ao maior escândalo de corrupção de sua história.

    Cinco nomes vêm sendo citados, a começar por Henrique Meirelles, presidente do Banco CENTRAL no governo Lula e ainda muito ligado ao ex-presidente. Tem contra ele a má relação com Dilma Rousseff, antiga colega de ministério.

    Vem a seguir Rodolfo Landim: ex-diretor da Petrobras, técnico visto como apartidário e de trânsito internacional. Foi um dos braços direitos do empresário Eike Batista.

    Também figuram na lista Roger Agnelli, ex-presidente da Vale, mas que também não mantém bom relacionamento com Dilma Rousseff; Murilo Ferreira, que o sucedeu na Vale e tem uma gestão aprovada pelo mercado; por fim, Eduarda La Rocque: ex-secretária da Fazenda do município do Rio de Janeiro, próxima ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

     

    Fonte: Jornal de Brasília

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