Paralisação, que já passa de um mês, atrasou edição e editoração de pesquisas relacionadas à indústria e comércio
Idiana Tomazelli / Rio
Após afetar a Pesquisa Mensal de Emprego referente a maio, a greve dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) impediu a divulgação de quatropesquisas estruturais previstas para junho. Em comunicado, a Diretoria de Pesquisas do órgão informou ontem que a paralisação, que já dura mais de um mês, atrasou o processo de edição e editoração dos estudos, etapa que antecede a divulgação dos resultados.
Os levantamentos prejudicados foram a Pesquisa Industrial Anual-Empresa, Pesquisa Industrial Anual Produto, Pesquisa Anual da Indústria da Construção e Pesquisa Anual do Co-mércio,todas referentes a 2012. Os estudos têm defasagem maior do que as pesquisas conjunturais, divulgadas mensalmente, por trazerem volume maior e mais detalhado de informações sobre as atividades.
A publicação dos estudos estruturais estava prevista para junho. Segundo o IBGE, a parte que cabia à equipe técnica, como coleta de dados, elaboração e análise, está pronta. O problema, porém, é que houve grande adesão de servidores na divisão responsável pela edição das pesquisas, no Centro de Disseminação de Documentos e Informações (CDDI), no Rio. Com isso, a editoração nas versões eletrônica e em papel não foi concluída a tempo e, sem isso, não há como publicar os dados.
Na nota, o IBGE diz que está trabalhando para viabilizar as divulgações o mais breve possível. Isso pode ocorrer antes do fim da greve, se houver gente suficiente na divisão, mas o instituto não descarta que os dados fiquem guardados até a paralisação acabar. No entanto, a paralisação na divisão de edição do CDDI não afeta as pesquisas conjunturais, como inflação e produção industrial, que não passam pelo Centro.
Os servidores do IBGE entraram em greve em 26 de maio, reivindicando a realização de concurso público para mais de 4 mil vagas, além de valorização salarial ao nível de outros órgãos do círculo de gestão, como Banco CENTRAL e Comissão de Valores Mobiliários.
“É importante que haja uma definição do governo para que possamos retomar a produção”, argumentou Ana Magni, diretora da executiva nacional do sindicato que representa os funcionários do IBGE, o Assibge-SN. Segundo ela, o impacto sobre as pesquisas estruturais já era previsto. Os grevistas pedem diálogo com o Ministério do Planejamento, pastaà qual o instituto é subordinado. Hoje o sindicato prepara uma manifestação em frente do Ministério.
Esse não é o primeiro impacto da greve sobre as pesquisas. Na quinta-feira, os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) foram divulgados apenas para quatro das seis regiões metropolitanas. A presidente do IBGE, Wasmália Bivar,considerava improvável que a greve afetasse outras pesquisas.
Resposta
“É importante que haja uma definição do governo para que possamos retomar a produção.”
Ana Magni DIRETORA DA EXECUTIVA NACIONAL DO ASSIBGE-SN
Fonte: O Estado de S.Paulo