Greve do IBGE afeta pesquisa de emprego

    Instituto não obteve dados de duas regiões; Pnad Contínua também foi prejudicada

     

    Daniela Amorim / rio 

    A greve dos servidores do IBGE já afeta as divulgações de indicadores do mercado de trabalho. O instituto não conseguiu calcular a taxa de desemprego de maio para as seis principais regiões metropolitanas do País, porque faltaram os dados de Salvador c Porto Alegre.

    A paralisação também prejudica a coleta de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que registra problemas em pelo menos três estados. “A Pnad Contínua, dada a sua extensão, é talvez a que tenha maiores dificuldades hoje. Em alguns Estados estamos tendo problemas”, disse Wasmália Bivar, presidente do IBGE.

    A coleta foi praticamente interrompida na Paraíba e no Amapá, mas o Rio Grande do Norte também teve problemas. O IBGE deslocou funcionários para as regiões mais afetadas pela paralisação. Mesmo assim, ontem, deixou de divulgar os resultados completos da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Foram liberadas as informações de maio para o Rio, São Paulo, Recife e Belo Horizonte. Faltaram Salvador e Porto Alegre.

    A coleta de junho está atrasada.

    Apesar dos esforços para recuperar tempo e dados perdidos, ainda não é possível garantir a qualidade das informações não coletadas no período adequado. O atraso para ir a campo compromete as informações na medida em que as respostas dos entrevistados são referentes a um período mais distante, e não à semana imediatamente anterior ao questionário.

    Distorções. “Afeta a qualidade do dado, porque vou perguntar a você de uma coisa que fez lá atrás. Quanto mais distante da semana de referência, mais distorções”, explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

    Caso a confiabilidade tenha de fato sido prej udicada, o IBG E pode deixar de ter a taxa média de desemprego de maio para o conjunto das seis regiões metropolitanas. “A gente não garante que vai divulgar Salvador e Porto Alegre antes de avaliar a análise e a i mputação (falta de respostas)”, disse Azeredo.

    A PME já teve perda de dados por causa de uma greve, em 1992, quando os questionários eram realizados em papel. Em 2012, uma nova greve prejudicou por dois meses a divulgação da pesquisa. Os dados de Salvador e Rio só foram liberados mais tarde.

    O instituto afirmou que a coleta de outras pesquisas conjunturais, como o IPCA, não foi afetada pelo movimento. O calendário de divulgações está mantido. Após um pico de adesão de 24%, a paralisação alcança atualmente 15% dos funcionários.

    “A despeito de o sindicato (de servidores) não decretar o fim da greve, as pessoas estão voltando ao trabalho. Isso torna muito improvável que os dados não sejam divulgados ou sejam atrasados”, afirmou a presidente do órgão.

    Acre e Amazonas já retomaram os trabalhos integralmente. “Agreve, com adesão de 15%, nos afetaria muito pouco. A questão toda é a não uniformiza- ção. Tem lugar que está 100% em greve, outros com pouca gente”, disse Wasmália.

    Novas divulgações. O sindicato dos servidores, Assibge-SN, afirma que a greve vá atrapalhar novas divulgações de indicadores. “Sabemos que o esforço grevista tem implicações sim. Mas vamos seguir no esforço. Mais e mais dados serão prejudicados daqui para a frente”, declarou Ana Magni, di retora do sindicato.

    Os trabalhadores exigem a realização de concurso público para preenchimento de mais de 4 mil vagas, além de valorização salarial ao patamar de órgãos como o Banco CENTRAL.

    O IBGE mergulhou numa crise institucional no início de abril, quando suspendeu a divulgação da Pnad Contínua até 2015, sob o argumento de revisar o cálculo da renda domiciliar, que servirá de base para o rateio do Fundo de Participação dos Estados.

    • Implicações

    “Sabemos que o esforço grevista tem implicações sim. Mas vamos seguir 110 esforço. Mais c mais dados serão prejudicados daqui para a frente”.

     

    Ana Magni

    DIRETORA DO SINDICATO DOS SERVIDORES

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

    Matéria anteriorPros fecha com Dilma, mas libera estados
    Matéria seguinteBC reduz a projeção para o PIB e eleva a de inflação