Há espaço para capital externo ampliar alocação em Brasil, prevê Bradesco

    Apesar da maior incerteza no cenário político, os investidores estrangeiros têm mostrado algum otimismo, ainda que cauteloso, com o Brasil, sobretudo pela melhora dos fundamentos da economia. Durante evento Bradesco BBI 7th anual CEO Forum, promovido pelo Bradesco em Nova York, os aplicadores internacionais mostraram ainda ter apetite para investir no país. E a expectativa é que o fluxo possa aumentar se não houver uma ruptura na pauta de reformas. “Há um otimismo contido dos estrangeiros com o Brasil, mas generalizado”, afirmou Marcelo Noronha, vice-presidente do Bradesco.

    Segundo Renato Ejnisman, diretor-executivo do banco, o investidor estrangeiro típico que investe em mercados emergentes ainda está com uma posição em ativos brasileiros na carteira abaixo da média histórica, que é de 15%. “Hoje, essa posição está abaixo de 10%. Tem potencial para voltar para esse ápice, o que significaria 50% de aumento do fluxo de investimentos para ativos brasileiros”, afirma.

    O aumento da posição do capital externo no Brasil está condicionado ao quão rápido se definirá o jogo político para 2018 e se a agenda de reformas terá sequência. “Tudo vai depender do que pode acontecer no cenário político. Se no ano que vem tivermos um cenário de continuidade das reformas e a percepção de que haverá estabilidade por muitos anos, isso poderia atrair capital para o Brasil. Do contrário, se não houver a continuidade da agenda de reformas, o cenário será muito ruim”, afirma Ejnisman.

    Nesse contexto, os executivos do Bradesco acreditam que é possível se alcançar em 2018 o mesmo volume registrado em 2017 em oferta de ações, podendo até superar as cifras deste ano se o cenário mais positivo para Brasil se concretizar. “A gente enxerga que é possível repetir esse volume no ano que vem. O que vai nortear isso será a eleição. Se tiver um candidato bem aceito pelo mercado, esse volume pode se manter ou até ser superior. Se o cenário eleitoral demorar para se confirmar, pode ser que o mercado de ações fique mais parado a partir do segundo semestre”, diz Ejnisman.

    O volume de oferta de ações neste ano já soma cerca de R$ 38 bilhões, melhor desempenho desde 2010, cita Ejnisman, e há um potencial de mais R$ 15 bilhões considerando-se as que estão em andamento. O executivo lembra que há cerca de 10 a 12 operações, entre ofertas iniciais de ações (IPO) e subsequentes na fila, que devem vir a mercado até o fim do primeiro semestre de 2018. “Ainda é possível se ter ‘upside’ [potencial de alta] em Brasil se passar a Reforma da Previdência, ainda que não seja completa, e tivermos a continuidade do crescimento”, afirma Noronha.

    Já no mercado de dívida, os executivos do Bradesco acreditam que as emissões externas devem prosseguir até o primeiro semestre do ano que vem, diante da perspectiva de manutenção da política monetária nos Estados Unidos. Isso torna os papéis brasileiros ainda atrativos, num momento em que as empresas tendem a antecipar as captações diante do risco de maior incerteza política no segundo semestre. “Devemos encerrar este ano com um volume entre US$ 30 bilhões e US$ 35 bilhões. Se o cenário eleitoral se confirmar rápido podemos atingir o mesmo valor ou até superar esse patamar no ano que vem”, estima Ejnisman.

    No mercado doméstico, Noronha destaca a volta do interesse dos investidores institucionais por papéis de dívida. Com a queda dos Juros, a tendência é que comecem a procurar nos ativos de crédito um melhor retorno.

    Os executivos também veem um crescimento na emissão de papéis que contam com isenção fiscal, embora esperem um reequilíbrio das taxas, que estavam muito comprimidas.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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