Ilan descarta acabar com parcelado sem juro

    Banco Central não tem intenção de acabar com o parcelamento sem Juros por meio do cartão de crédito, afirmou o presidente da autarquia, Ilan Goldfajn. Ao responder pergunta sobre a proposta de terminar com a modalidade, Ilan, que participou ontem de painel na Câmara do Comércio Brasil-Espanha, explicou não existir proposta formal sobre o tema.

    “De jeito nenhum estamos querendo acabar com o financiamento do lojista”, ponderou o presidente do BC. “Há apenas discussões preliminares para reduzir o custo do cartão de crédito e essas conversas reúnem todos os participantes do mercado, inclusive os varejistas”, disse.

    Conforme Ilan, o problema não é o financiamento sem Juros em si, mas a necessidade de “endereçar esses custos de alguma maneira; todo mundo sabe que não existe nada sem custo”.

    O presidente do BC explicou que a ideia é deixar mais transparente para o consumidor o que está envolvido na oferta da modalidade. O alto custo do uso dos cartões de crédito é um dos pontos que a autarquia incluiu na agenda batizada de “BC+”. O presidente lembrou ainda que a autoridade alterou as regras do rotativo do cartão e que isso provocou queda dessa taxa.

    Dentro da agenda, o BC tem trabalhado para reduzir o custo do crédito. Na apresentação, Ilan citou o indicador de custo de crédito (ICC), que atinge hoje um ponto médio de 21,4% e spread médio de 14,1%. “Essa é a taxa da economia brasileira, e é alta, mas está caindo. Temos espaço para uma queda maior do spread.”

    Questionado sobre outro tema polêmico, o da proposta que circula no Congresso de instituir um mandato duplo para o BC, que contemple inflação e emprego, Ilan preferiu esquivar-se de se posicionar sobre a ideia. O presidente da instituição sugeriu, no entanto, que os BCs, de um modo geral, vão além do mandato de estabilidade e convergência de inflação às metas. “Nenhum BC do mundo acaba não olhando para a atividade”.

    Ilan reafirmou apenas que “o objetivo principal do BC é entregar a inflação nas metas”. Embora não tenha deixado clara sua posição sobre o mandato duplo, o presidente do BC voltou a defender a autonomia formal do órgão, como um fator importante para diminuir incertezas no longo prazo.

    O presidente do BC reiterou a trajetória positiva da economia brasileira na atualidade. Segundo Ilan, a atividade no país deve ter crescido mais de 1% em 2017 e a instituição trabalha com um avanço de 2,8% neste ano, com possibilidade de o BC revisar o número para cima, caso as condições favoráveis se mantenham e os riscos de baixa não se materializem. “Espero que a economia passe a crescer entre 2,5% e 3% daqui em diante”, disse.

    Segundo Ilan, o fato de o ano ter iniciado com inflação abaixo da meta “dá um colchão para o caso de haver mais incertezas [no exterior]”. Para ele, o cenário base para este e o próximo ano é de trajetória de inflação de volta às metas.

    Esse cenário de inflação baixa, no entanto, depende da continuidade das reformas estruturais. Mesmo após o governo ter desistido de votar as mudanças na Previdência, Ilan ressaltou que o Brasil precisa “continuar no caminho de ajustes e reformas para manter a inflação baixa, a queda da taxa de Juros estruturais e a recuperação sustentável da economia”.

    O presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, que também comanda a Câmara Espanhola de Comércio e fez a abertura do evento, reforçou a mensagem. O executivo afirmou que reduzir a taxa de Juros é um trabalho estrutural, e não resultado de uma “canetada”. “Estamos no início de uma das maiores revoluções econômicas. As reformas são importantes para que a gente consiga manter esse nível de taxa de Juros“, disse.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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