Índice de atividade do BC surpreende e sobe 0,29%

    Autor: Luciano Máximo, Marta Watanabe e Eduardo Campos

    Depois de más notícias sobre o desempenho do varejo e dos serviços em outubro, a atividade econômica do país surpreendeu o mercado e abriu o quarto trimestre do ano com crescimento, pela métrica do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O indicador mensal do BC subiu 0,29% na passagem de setembro para outubro, após ter mostrado alta de 0,27% em setembro sobre agosto (dado revisado de 0,4%), destoando da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC ampliada), que teve queda de 0,9%, e da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), cujo recuo foi de 0,8%, ambos resultados das séries com ajuste sazonal divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Divulgado ontem, o IBC-Br de outubro ficou acima da média dos prognósticos feitos por 15 Instituições Financeiras consultadas pelo Valor Data, que sugeria uma retração de 0,15% do índice. No mercado faltaram respostas concretas para explicar a imprecisão das projeções e também a discrepância em relação aos dados mensais de comércio e serviços. Embora seja tratado informalmente como o Produto Interno Bruto (PIB) do BC, o indicador tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais do IBGE.

    Algumas hipóteses foram consideradas, como a eventual contribuição do setor agropecuário. A influência da Black Friday em outubro chegou a ser aventada, mas há ainda pouco padrão histórico para o cálculo de ajuste sazonal confiável sobre o impacto desse evento sobre o varejo.

    “De fato, o IBC-Br surpreendeu, porque as pesquisas de alta frequência divulgadas pelo IBGE vieram ruins em outubro. Agro é uma variável difícil de ser observada pelo mercado, porque não existem pesquisas de alta frequência sobre isso, mas é bastante explorada pelo BC”, diz Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria, que projetava queda de 0,1% para o IBC-Br em outubro. A opinião é compartilhada por Helcio Takeda, economista da consultoria Pezco. “O dado veio positivo aparentemente por grande influência da agricultura”, acredita Takeda, que também trabalhava com retração de 0,1% no mês de outubro.

    Marco Caruso, economista do Banco Pine, discorda. Ele argumenta que é justamente no fim do ano que a atividade agropecuária menos contribui para o PIB. Segundo Caruso, o mercado foi “negativamente enviesado” pelos resultados da PMC e PMS de outubro na hora de calcular as projeções do IBC-Br. Além disso, acrescenta Caruso, o indicador passou por revisões desde o início do ano, o que também dificulta as previsões. O Pine trabalhava com variação zero do IBC-Br para outubro.

    “Embora as duas pesquisas [PMC e PMS] tenham aderência com o IBC-Br, o indicador está em linha com o PIBe também passou por revisões desde janeiro. Isso deve ter influenciado o indicador em outubro. Mas o que ele realmente mostra é que estamos em situação melhor, traz uma ideia de recuperação bem gradual e lenta, mas que está em curso de forma difusa”, avalia Caruso, citando o crescimento da massa salarial nominal de 7% no ano e o melhor momento da arrecadação de impostos no país.

    Devido às revisões constantes, o IBC-Br medido em 12 meses é mais estável do que a medição mensal, assim como o próprio PIB pela metodologia das Contas Nacionais. No ano, a variação do indicador do BC é positiva em 0,75% (alta de 0,85% com ajuste). Nos 12 meses encerrados em outubro, o crescimento acumulado é de 0,21% na série sem ajuste (alta de 0,26% no dado ajustado).

    Em comparação com outubro de 2016, o índice tem alta de 2,92% na série sem ajuste (alta de 2,33% com ajuste). O crescimento no terceiro trimestre sobre o segundo caiu de 0,58% para 0,47%. Em comparação com o terceiro trimestre de 2016, a alta é de 1,16%, ante 1,45% previamente divulgado.

    Na média móvel trimestral, o IBC-Br, sem ajuste, cai 0,43% em outubro, após três meses de variação positiva. Na série com ajuste há breve alta de 0,07% em outubro, após avanço de 0,08% em setembro. Para o mercado, ainda é cedo para rever projeções em função do IBC-Br de outubro, mas o dado positivo não deixa de ser um sinal para melhores notícias para o PIB do quarto trimestre.

    Fonte: Valor Econômico

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