Inflação de 2017 deve ficar abaixo dos 3%, admite ministro do Planejamento

    O ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, disse ontem, durante evento no Rio, que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá fechar o ano abaixo de 3%. Isso significa que a inflação vai ficar abaixo do piso da meta do governo – o centro da meta é de 4,5%, com margem de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

    “A inflação deve fechar abaixo de 3% este ano. O próprio Focus hoje está com 2,95%. Então, deve ser o nível de inflação mais baixo desde o início do Plano Real. E as projeções para 2018 estão caindo, se aproximando de 4%. Isso deixa espaço para o processo de política monetária mais benigno”, disse o ministro.

    A projeção do ministro é inferior à prevista pelo Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central (BC), de 3,2% para este ano. Também está abaixo, curiosamente, da previsão do último relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias, divulgado pelo próprio Ministério do Planejamento em setembro, de 3,5% para o fim deste ano.

    Se estourar a meta, o presidente do Banco Central precisará divulgar carta aberta ao ministro da Fazenda apresentando as justificativas para o ocorrido. Isto já aconteceu três vezes tratando-se do teto da meta de inflação (2001-2003 e 2015), mas jamais ocorreu em relação ao piso da meta do governo.

    O ministro, que disse desconhecer qual será a Taxa Básica de Juros ao fim do ano, afirmou que a economia passa por um processo de recuperação em “bases reais”, ou seja, sem estímulos do governo. Como pontos positivos, ele mencionou o desempenho da indústria, o aumento do rendimento médio real da população e da massa salarial.

    “É uma recuperação gradual, mas é também uma recuperação contínua. Não teremos sobressaltos, aquela histórica de que agora acabou o incentivo tal e dá aquela engasgada. Isso não vai acontecer”, disse Dyogo.

    Segundo ele, a recuperação econômica e a inflação baixa abrem espaço para uma política monetária e de crédito mais favoráveis aos investidores. Neste ponto, ele prevê a retomada dos investimentos no país, com importante papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na estruturação de projetos.

    Questionado sobre a devolução recursos do BNDES ao Tesouro em 2018, o ministro disse que a medida será avaliada no fim do ano, quando será possível observar a demanda por crédito e a capacidade da instituição “operacionalizar sua política de crédito”. “Havendo espaço e podendo o BNDES fazer essa devolução, nós faremos dentro do limite”, disse o ministro.

    O ministro admitiu que a questão fiscal permanece desafio a ser superado pelo país e defendeu a Reforma da Previdência para reequilíbrio das contas públicas. Segundo ele, enquanto o país deve apresentar Déficit de R$ 159 bilhões, a Previdência terá Déficit de R$ 260 bilhões neste ano. “Todo o Déficit que estamos presenciando é derivado do Déficit da Previdência”, disse Dyogo.

    “Só o crescimento da Previdência ocupa todo o espaço do crescimento do teto do gosto. É isso que está acontecendo e por isso temos que continuar perseverando na Reforma da Previdência. O tempo do Congresso nos temos que lidar respeitando”, disse o ministro do Planejamento.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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