Juro futuro sobe com inflação e fala de Tombini

    Os juros futuros galgaram mais um degrau ontem na BM&F, em resposta a preocupações crescentes com a inflação e declarações do presidente do Banco CENTRAL (BC), ALEXANDRE TOMBINI, que sugerem continuidade do atual ciclo de aperto monetário. As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) apresentavam rota ascendente já no início dos negócios, antes mesmo de que o presidente do BC começasse a falar, no fim da manhã, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

    Segundo analistas, pesa sobre o mercado a piora da inflação identificada pela coleta diária de preços nos últimos dias. Dados de atividade mais fortes que o previsto e o salto expressivo da família dos IGPs catapultada pela disparada dos preços dos alimentos, sugerem que a inflação corrente ao consumidor vai acelerar daqui para frente, provavelmente contaminando as expectativas para o IPCA.

    No Senado, TOMBINI voltou a afirmar que a inflação mostra resistência ligeiramente acima da que se antecipava. A novidade foi a menção explícita a pressões em alimentos in natura, que se configuram “em princípio um choque”. Cabe à política monetária, segundo o presidente do BC, circunscrever esse choque ao curto prazo. Embora tenha também mencionado, uma vez mais, que os efeitos da política monetária são cumulativos e se manifestam com defasagem, predominou a leitura de que TOMBINI passou o sinal de que o aperto monetário prossegue.

    A taxa do DI para janeiro de 2015 subiu de 11,15% para 11,17%. Segundo cálculos da gestora de recursos Quantitas, a curva a termo passou a refletir 100% de chances de uma elevação da taxa básica em 0,25 ponto percentual, para 11% ao ano, no início de abril. Especula-se, agora, se haverá necessidade de uma dose extra de juros em maio, por conta dos impactos do choque dos preços dos alimentos sobre a inflação.

    Como não se vê, contudo, extensão do aperto por mais que uma ou duas reuniões do Comitê de política monetária (Copom), apesar da deterioração das expectativas, os investidores exigem mais prêmios de risco nos contratos mais longos. Ontem, o DI para janeiro de 2016 subiu de 12,08% para 12,16%, e o derivativo para janeiro de 2017, de 12,57% para 12,66%.

     

    Fonte: Valor Econômico

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