Juros devem ir para 14%

    A inflação de maio, de 0,74%, acima do esperado, reforçou a visão de que o Banco Central terá que promover mais uma alta da taxa básica de juros (Selic), de 13,75% ao ano. A expectativa é de elevação de pelo menos 0,25 ponto percentual em julho. As apostas nesse sentido ficaram claras no mercado futuro de juros. Quase todos os contratos encerraram as negociações de ontem em alta. Naqueles com vencimento em janeiro de 2016, as taxas passaram de 14,08% para 14,15%, e, nos de janeiro de 2017, avançaram de 13,58% para 13,77%. Os investidores acreditam que o BC não se importará com a forte recessão na qual o país mergulhou, priorizando o combate à carestia. 

    Os analistas mais pessimistas, que já acreditavam que a Selic fecharia o ano em 14%, passaram a cogitar a possibilidade de haver uma alta mais forte, de 0,50 ponto, com a taxa batendo em 14,25%. A economista da Tendências Consultoria Adriana Molinari ressaltou que, apesar de ainda manter a projeção de aumento de 0,25 ponto. na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a inflação de maio abriu espaço para um arrocho maior. “Não é descartada a possibilidade de alta de 0,50 ponto nos juros”, admitiu. 

    Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, o BC precisa reforçar o discurso de que vai manter o aperto, com mais uma alta de pelo menos 0,25 ponto, para frear o avanço da carestia. Contudo, ele acredita que o BC deve manter a Selic em 14% por todo o resto de 2015 e também em parte de 2016. “Como a atividade econômica está muito fraca, se o BC continuar aumentando os juros por muito mais tempo pode colocar em risco o ajuste fiscal, com queda na arrecadação”, afirmou. O economista espera que o modelo usado pelo BC para buscar o centro da meta, de 4,5%, seja atualizado. “Deve haver revisão do crescimento para baixo”, projetou.

     

    Desemprego 

    Na opinião do economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo, para chegar na meta de inflação, de 4,5%, em 2017, a autoridade monetária terá que persegui-la em 2016. “No ano que vem, não há como chegar na meta, a menos que haja um choque muito grande e a taxa de desemprego suba a dois dígitos. Do jeito que o mercado de trabalho está, a inflação dos serviços vai continuar persistente”, analisou. 

    Para o economista da Austin Ratings Wellington Ramos, os rumos da Selic vão depender da ata da última reunião do Copom que sai hoje. “Eu acredito em mais uma alta de 0,25 ponto, para 14%, pois a inflação está forte”, afirmou. Há perspectiva de que o IPCA de junho continue pressionado, sobretudo pelos preços administrados, como as tarifas de água e de esgoto, as tarifas aeroportuárias e as passagens de ônibus urbanos. (SK)

     

    Fonte: Correio Braziliense

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