A medida pode ser uma das poucas saídas para levar a inflação mais perto do centro da meta, de 4,5%. A dúvida é se há espaço para isso, dado o cenário preocupante dos indicadores econômicos. Além disso, disso, devido ao fracasso do ajuste fiscal, o efeito da alta dos juros pode ser temporário. Para a população, as consequências seriam mais aperto: as pessoas precisarão gastar menos, os empregados terão que aceitar reajustes salariais menores e as empresas serão obrigadas a reduzir preços.
Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do Banco Central, acredita que o BC está preocupado com a inércia do custo de vida nos últimos meses. Subir os juros seria uma forma de conter o problema. “Com isso, a inflação poderia, pelo menos, parar de crescer um pouco, ou até diminuir. Mas seria uma medida paliativa, que serviria para dar tempo para o governo atuar nas medidas fiscais necessárias”, disse ele. O problema é que o ajuste fiscal não tem sido feito. “Aumentar os juros seria o mesmo que manter um doente vivo, à espera de que o remédio chegue”, comparou Freitas.
Desconfiança
O economista-chefe do banco Haitong, Jankiel Santos, concorda. Para ele, a maneira correta de combater a carestia seria arrumar as contas públicas. Embora a probabilidade de alta de juros tenha aumentado, Santos diz que ainda não é certo que a medida será tomada.”O Banco Central está com grau menor de confiança no cenário econômico, isso é claro”, disse.
O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon – um dos dois integrantes do Copom que votaram pela alta da Selic na última reunião, em novembro -, reforçou a importância de derrubar a inflação a partir de 2016, com o objetivo é atingir a meta de 4,5% “no máximo até o fim de 2017”. Segundo ele, quando o custo de vida atinge dois dígitos, é preciso acionar corretamente a política monetária “para garantir que a inflação do próximo ano caia e continue caindo até atingir a meta”. (AA)
Fonte: Correio Braziliense