Juros vão a 11% e devem subir mais

    Na quarta-feira, o BC elevará a Selic em ao menos 0,25 ponto percentual. Mas, com a inflação em disparada, arrocho tende a continuar até julho

    Com a inflação voltando a atormentar os brasileiros, não restará outra alternativa ao Banco CENTRAL. Na próxima quarta-feira, o Comitê depolítica monetária (Copom) voltará a elevar a taxa básica de juros (Selic). A expectativa, quase unânime no mercado financeiro, é de que a alta seja de 0,25 ponto percentual, dos atuais 10,75% para 11% ao ano. Será o nono aumento consecutivo, processo iniciado em abril de 2013.

    Até o meio da semana passada, o consenso entre os economistas era de que, após esse aumento, o BC encerraria o aperto monetário. Mas, diante da disseminação da carestia, puxada pelos alimentos, e do reconhecimento público da autoridade monetária de que o custo de vida neste ano ficará muito próximo do teto da meta definida pelo governo, de 6,5%, vários especialistas já preveem pelo menos duas altas adicionais daSelic, ambas de 0,25 ponto, com a taxa atingindo 11,50%. Ou seja, o fim do arrocho nos juros só acabará em julho, quando a campanha eleitoral estará a pleno vapor.

    Para os analistas, os números da inflação são assustadores, sobretudo se considerado que o BC já elevou a Selic em 3,5 pontos. Pelas teorias econômicas, era para a carestia ter desabado. O problema é que o país foi tomado por uma onda de desconfiança, motivada pela leniência do governo no combate aos reajustes disseminados, acreditando que conseguiria incrementar o crescimento econômico. O que se viu, contudo, foi o contrário: o ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu e o poder de compra das famílias encolheu.

    Serviços

    A inflação renitente é visível, sobretudo nos preços dos serviços, com reajustes médio de 9% no acumulado de 12 meses. Esse, por sinal, é um dos motivos que leva André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a defender um aperto monetário mais prolongado. “Considerando a persistência da inflação no curto prazo e o aumento dos riscos de contaminação das expectativas futuras, seria sábio se o BC desse sinais de austeridade, elevando os juros a 11,50% ao ano em três doses de 0,25 ponto, incluindo a alta desta semana”, diz.

    Há ainda no horizonte o perigo do represamento dos preços administrados, pois diminuiu o espaço para o governo segurar os reajustes da gasolina, da energia elétrica e das tarifas de transporte urbano. “O BC colocou o dedo na ferida, ao admitir o impacto negativo da contenção dos preços administrados nas expectativas de inflação. Portanto, apesar do estado fraco da economia, o correto seria elevar os juros ainda mais”, analisa Tony Volpon, economista-chefe para América Latina da Nomura Securities. Ele aposta em duas altas de 0,25 ponto, com a Selicatingindo 11,25% ao ano.

    Na avaliação do economista-chefe do Espírito Santo Investment bank, Jakiel Santos, a ameaça de a inflação romper o teto da meta, por si só, já justifica a necessidade de duas altas seguidas nos juros. “O quadro continua muito ruim, não há nenhum sinal de alívio no horizonte, e os preços dos alimentos, que deram uma trégua no fim do ano passado, voltaram a subir. É preocupante. Tanto que, para 2015, prevemos juros de 12,50% ao ano”, afirma.

    Banca de apostas

    Confira as projeções dos especialistas para a taxa básica de juros neste ano

     

    Analistas                              Instituição                                Previsão                               Selic

     

    Tatiana Pinheiro                Santander                              Um alta de 0,25 ponto         11,00%

    Juliana Serapio                   CNC                                          Uma alta de 0,25 ponto        11,00%

    Andre Lóes                           HSBC                                        Duas altas 0,25 ponto          11,25%

    Eduardo Velho                   INVX Global Partners       Duas altas de 0,25 ponto     11,25%

    José Márcio Camargo     Opus Investimento              Duas altas de 0,25 ponto     11,25%

    Alessandra Ribeiro           Tendências Consultoria    Duas altas de 0,25 ponto     11,25%

    Jankiel Santos                     Espírito Santo                       Duas altas de 0,25 ponto     11,25%

    Jason Vieira                         Money You                             Duas altas de 0,25 ponto     11,25%

    Tony Volpon                       Nomura Securities              Duas altas de 0,25 ponto      11,25%

    André Perfeito                    Gradual Investimentos      Três altas de 0,25 ponto      11,50%

    Carlos Thadeu Filho         Franklin Templeton            Três altas de 0,25 ponto       11,50%

     

    Fonte: Mercado

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