Na quarta-feira, o BC elevará a Selic em ao menos 0,25 ponto percentual. Mas, com a inflação em disparada, arrocho tende a continuar até julho
Até o meio da semana passada, o consenso entre os economistas era de que, após esse aumento, o BC encerraria o aperto monetário. Mas, diante da disseminação da carestia, puxada pelos alimentos, e do reconhecimento público da autoridade monetária de que o custo de vida neste ano ficará muito próximo do teto da meta definida pelo governo, de 6,5%, vários especialistas já preveem pelo menos duas altas adicionais daSelic, ambas de 0,25 ponto, com a taxa atingindo 11,50%. Ou seja, o fim do arrocho nos juros só acabará em julho, quando a campanha eleitoral estará a pleno vapor.
Para os analistas, os números da inflação são assustadores, sobretudo se considerado que o BC já elevou a Selic em 3,5 pontos. Pelas teorias econômicas, era para a carestia ter desabado. O problema é que o país foi tomado por uma onda de desconfiança, motivada pela leniência do governo no combate aos reajustes disseminados, acreditando que conseguiria incrementar o crescimento econômico. O que se viu, contudo, foi o contrário: o ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu e o poder de compra das famílias encolheu.
Serviços
A inflação renitente é visível, sobretudo nos preços dos serviços, com reajustes médio de 9% no acumulado de 12 meses. Esse, por sinal, é um dos motivos que leva André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a defender um aperto monetário mais prolongado. “Considerando a persistência da inflação no curto prazo e o aumento dos riscos de contaminação das expectativas futuras, seria sábio se o BC desse sinais de austeridade, elevando os juros a 11,50% ao ano em três doses de 0,25 ponto, incluindo a alta desta semana”, diz.
Há ainda no horizonte o perigo do represamento dos preços administrados, pois diminuiu o espaço para o governo segurar os reajustes da gasolina, da energia elétrica e das tarifas de transporte urbano. “O BC colocou o dedo na ferida, ao admitir o impacto negativo da contenção dos preços administrados nas expectativas de inflação. Portanto, apesar do estado fraco da economia, o correto seria elevar os juros ainda mais”, analisa Tony Volpon, economista-chefe para América Latina da Nomura Securities. Ele aposta em duas altas de 0,25 ponto, com a Selicatingindo 11,25% ao ano.
Na avaliação do economista-chefe do Espírito Santo Investment bank, Jakiel Santos, a ameaça de a inflação romper o teto da meta, por si só, já justifica a necessidade de duas altas seguidas nos juros. “O quadro continua muito ruim, não há nenhum sinal de alívio no horizonte, e os preços dos alimentos, que deram uma trégua no fim do ano passado, voltaram a subir. É preocupante. Tanto que, para 2015, prevemos juros de 12,50% ao ano”, afirma.
Banca de apostas
Confira as projeções dos especialistas para a taxa básica de juros neste ano
Analistas Instituição Previsão Selic
Tatiana Pinheiro Santander Um alta de 0,25 ponto 11,00%
Juliana Serapio CNC Uma alta de 0,25 ponto 11,00%
Andre Lóes HSBC Duas altas 0,25 ponto 11,25%
Eduardo Velho INVX Global Partners Duas altas de 0,25 ponto 11,25%
José Márcio Camargo Opus Investimento Duas altas de 0,25 ponto 11,25%
Alessandra Ribeiro Tendências Consultoria Duas altas de 0,25 ponto 11,25%
Jankiel Santos Espírito Santo Duas altas de 0,25 ponto 11,25%
Jason Vieira Money You Duas altas de 0,25 ponto 11,25%
Tony Volpon Nomura Securities Duas altas de 0,25 ponto 11,25%
André Perfeito Gradual Investimentos Três altas de 0,25 ponto 11,50%
Carlos Thadeu Filho Franklin Templeton Três altas de 0,25 ponto 11,50%
Fonte: Mercado