Mantega: câmbio sob controle

    O ministro da Fazenda negou mudanças na política do Banco Central e que a venda de Libra terá efeito no mercado

    Reuters

    O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que não é necessário alterar a política monetária adotada atualmente pelo Banco Central, que já levou a Selic a 9,50% ao ano. Em sua opinião também não é preciso criar mandatos comprazo determinado para o presidente e os diretores do BC. Essa é uma das recomendações de um relatório sobre a economia brasileira apresentado ao ministro pelo secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurría.

    Ontem,a organização divulgou mais detalhes do relatório. Sobre o aumento da taxa básica de juros da economia (Selic), Mantega ressaltou que “a modelagem do banco é na justa medida”. Para a OCDE, entretanto, é preciso manter o aperto monetário. O ministro da Fazenda também comentou que a autoridade monetária está atuando cada vez menos no mercado de câmbio. Segundo ele, o mercado está caminhando para o equilíbrio cambial. Mantega acrescentou que a injeção de dólares no país, com a Primeira Rodada de Licitação do Pré- Sal, “não será tão grande”. “Será algo em torno de US$ 4 bilhões”.

    Por isso, não deve gerar problemas no fluxo cambial. “No fluxo que temos, não é muito expressivo. E será feito via mercado. As empresas comprarão reais e farão a transferência para o governo.” O consórcio vencedor no leilão do campo de Libra, formado por cinco empresas—a anglo-holandesa Shell, a francesa Total, as chinesas CNPC e Cnooc e a Petrobras — irá pagar R$ 15 bilhões como bônus de assinatura pelo contrato de partilha firmado com a União.

    Como as empresas vencedoras, com exceção da Petrobras, são estrangeiras, parte do dinheiro entrará no país em dólar, o que gerou um temor de influência no mercado cambial. O montante de R$ 15 bilhões pagos por Libra equivalem ao total de injeção do Tesouro Nacional em títulos públicos para reforçar o caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

    Mantega informou que o banco deve receber, neste ano, empréstimo do governo de R$ 20 bilhões. “Para terminar o ano, o BNDES precisa de algo em torno de R$ 20 bilhões”, reforçou o ministro da Fazenda. Ele acrescentou ainda que o BNDES recebe “cada vez menos recursos” públicos.

    Segundo Mantega, o governo quer ampliar a participação do setor privado nos investimentos realizados no país, para reduzir a participação de financiamentos públicos. O ministro defendeu uma maior atuação dos bancos públicos apenas nos anos de crise econômica internacional. “Isso foi necessário porque o setor privado se encolheu”, disse.

     

    Fonte: Brasil Econômico

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