Em Davos, no Forum Econômico Mundial, ministro rechaçou a ameaça da fuga de capitais de investidores dos países emergentes: “Não acredito em crise de meia-idade dos Brics”
Paulo Henrique de Noronha
Em suas primeiras declarações no Forum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu ontem que não haverá novas desonerações tributárias. “Neste momento, não vemos necessidade de reeditarmos desonerações”, afirmou Mantega, assegurou, entretanto, que a desoneração sobre a folha de pagamentos das empresas vai ser mantida.
O ministro disse que o controle da inflação continua sendo a prioridade para o governo brasileiro e, em relação à política fiscal — um ponto muito criticado por analistas financeiros — afirmou que o novo alvo de meta de superávit primário a ser perseguido pelo governo será definido em fevereiro, juntamente com o anúncio do montante de contingenciamento de verba pública em 2014.
Em debate sobre os Brics (além do Brasil, integram o grupo dos emergentes Rússia, Índia, China e África do Sul), Mantega descartouo risco de uma crise provocada por uma temida fuga de investidores. “Não acredito que haja crise de meia-idade dos Brics”, disse Mantega, enfático, acrescentando que a crise é mundial e afetou a todos, não só os emergentes. “Os países avançados provocaram esta crise e estão em vias de recuperação. O comércio crescia, antes da crise, a um nível de 6%, 7% ao ano. Acho que daqui para a frente, com a recuperação do comércio, voltará a crescer 4% a 5%”, acrescentou o ministro, durante debate sobre a economia dos Brics, no início da tarde.
Mantega disse acreditar que os Brics continuarão a liderar o crescimento da economia mundial, mas, para que isso ocorra, ressaltou que é preciso que os países desenvolvidos façam mudanças importantes nos seus modelos de crescimento.
Para o ministro, a recuperação dos Estados Unidos pode provocar problemas cambiais para as economias emergentes no curto prazo, mas, a seguir, a recuperação da maior economia do mundo será benéfica para os Brics.
Na véspera, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, havia dito em Davos não acreditar que o Brasil venha a ser rebaixado pelas agências de classificação de risco: “Não há razões objetivas para o Brasil sofrer um rebaixamento. O governo brasileiro tem demonstrado seu compromisso com a estabilidade e a manuntenção de uma política fiscal austera”.
Dilma Rousseff inicia sua visita com a Copa na agenda
Apenas hoje a presidenta Dilma Rousseff participará do Forum Econômico Mundial, com um discurso no qual tentará ressaltar os avanços da economia brasileira, para criar um clima de confiança dos investidores.
A presidenta chegou ontem à Suíça, mas não foi direto a Davos. Em Zurique, ela se reuniu com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, para discutir a preparação do Brasil para a Copa do Mundo. Dilma assegurou a Blatter que o governo brasileiro está empenhado em realizar todas as obras para a Copa e que o país está preparado para receber o evento deste ano.
“O governo brasileiro tem todo o empenho para ter a Copa das Copas. Os estádios, os aeroportos, os portos, teremos todas as obras para que sejamos um país que recebe bem. Podem vir ao Brasil, serão recebidos de braços abertos pelo povo brasileiro”, afirmou Dilma na sede da Fifa.
No início deste mês, Blatter disse a um jornal suíço que o Brasil começou muito tarde a se preparar para o Mundial e que é o país com mais atrasos na preparação para uma Copa do Mundo desde 1975.
O Brasil sofre com diversos atrasos, tanto nas obras de in-fraestrutura quanto na construção e reforma de arenas. Dos 12 estádios do Mundial, somente dois foram inaugurados dentro do prazo e o palco de abertura do torneio, em São Paulo, só ficará pronto em abril, dois meses antes da competição. Na terça-feira, o se-cretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, visitou a Arena da Baixada em Curitiba e manifestou forte preocupação com o atraso das obras, que podem levar à suspensão de jogos naquela cidade. com ABr, Reuters e Bloomberg
Fonte: Brasil Econômico