Depois de passar uns dias afastado da Câmara e de ter sido criticado pelo “sumiço”, o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), tentou presidir ontem a primeira votação em plenário desde que assumiu o cargo. A tentativa foi em vão. Parlamentares do PPS, DEM, PSDB e PSB obstruíram a sessão, e a pressão o obrigou a entregar à presidência ao segundo vice-presidente Giacobo (PR-PR).
A pedido do governo do presidente interino, Michel Temer, o acordo ontem era votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2023 (veja mais na página 11). Mas a sessão teve de ser interrompida no início da tarde por causa de Maranhão. Líderes da antiga oposição à presidente Dilma Rousseff afirmam que o comportamento será o mesmo todas as vezes que Maranhão se sentar na cadeira da presidência para conduzir votações. Ao deixar o plenário, o comandante interino da Câmara não respondeu às perguntas da imprensa e limitou-se a dizer: “Vou só ali no meu gabinete, mas volto”, disse. Até o início da noite, ele não havia voltado ao plenário.
“Há um desconforto muito grande com toda essa situação, mas, com ele no comando, não votaremos nada”, afirma o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), que se recusa, inclusive, a participar das reuniões de líderes comandadas por Maranhão. Os deputados articulam apoio para colocar em pauta um requerimento de tramitação de urgência de projetos de resolução que declaram vago o cargo de presidente da Câmara.
Um deles, o PRC 142/16, foi apresentado pelo deputado e presidente do PPS, Roberto Freire (SP). Na ocasião, afirmou que a Câmara não pode ficar inerte diante da “inviabilidade decorrente de não se ter um presidente, mas um interino por tempo indeterminado”. Se aprovado o projeto, Maranhão terá que convocar novas eleições em cinco sessões. O deputado está ocupando a presidência da Casa desde que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi afastado por tempo indeterminado de suas funções pelo Supremo Tribunal Federal. (NL)
“Vou só ali no meu gabinete, mas volto”
Waldir Maranhão (PP-MA), presidente interino da Casa
Fonte: Correio Braziliense