Indicado ministro da Fazenda de um eventual governo Michel Temer, o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirma todos os dias que não convidou ninguém para fazer parte da sua equipe. O próximo presidente do BC será escolhido por Meirelles, cuja intenção é conduzir um trabalho muito bem afinado entre a Fazenda e a autoridade monetária, ao contrário do que ocorreu nos anos do governo do PT.
Nessa linha, dois nomes se destacam para presidir o BC: Mário Mesquita, do banco Plural, e Ilan Goldfajn, do Itau. Ambos trabalharam com Meirelles no Banco Central, sendo que Mesquita ficou mais tempo, enquanto Ilan fez a transição por meio ano em 2003.
Há outras hipóteses, mas ontem essas eram as duas principais. Fontes próximas ao vice presidente Michel Temer indicaram que o nome mais citado era o do economista chefe do Itau, Ilan Goldfajn. Uma delas disse: “O Ilan é o queridinho para o cargo de presidente do BC”. Outra informação, também de fonte qualificada, dava como certo que Meirelles teria ligado ontem mesmo para Mesquita, que está nos EUA, e feito o convite. Interlocutores de Meirelles atestavam, também, que ele tem “várias indicações de que aquele que for convidado aceitará”.
Mesquita chegou a ser cotado, no início de 2010, para assumir a presidência do BC em 2010, quando Meirelles cogitou deixar a instituição para ser o vice presidente na chapa de Dilma Rousseff ou concorrer ao governo de Goiás.
A situação de Meirelles, assim como a de todos os indicados para ocupar postos no suposto governo Temer, é delicada. Ele não pode ser confirmado oficialmente para a Fazenda e nem pode formalizar convites para montar sua equipe porque ainda há um outro governo em funcionamento e só na semana que vem é que essa situação será resolvida.
Meirelles não tem pressa para resolver a sucessão no BC. Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, vai permanecer por algumas semanas no cargo para fazer a transição. A amigos, Tombini tem dito que espera que o próximo presidente do BC já cumpra um compromisso que ele teria para o fim de junho.
Tombini foi convidado para um encontro do Forum do Banco central Europeu, entre os dias 27 e 29 de junho, em Sintra (Portugal). Na agenda dessa reunião, que é o equivalente europeu à de Jackson Hole patrocinada pelo FED (banco central americano), o painel de encerramento está a cargo de Mario Draghi, do BCE, Mark Carney, do Banco da Inglaterra, Janet Yellen, do FED, e de Tombini, do BCB.
O estilo de Meirelles não é o de promover mudanças bruscas. Razão pela qual ele já pediu a Tombini que faça uma transição tranquila, caso o Senado vote pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff no dia 11. As substituições na diretoria do BC são institucionalmente mais demoradas porque os indicados têm que ser sabatinados e aprovados pelo Senado. Considerando os prazos mínimos necessários para o Senado marcar as datas e fazer as sabatinas da nova diretoria do BC, na melhor das hipóteses, o governo do PMDB assumindo dia 12 teria todos os nomes aprovados em 9 de junho.
Assim, Tombini ainda comandará a próxima reunião do Copom, nos dias 7 e 8 de junho, que provavelmente manterá estável a taxa de jurosem 14,25% ao ano, tudo o mais constante. A inflação corrente, comentou uma fonte qualificada da área econômica, ainda está muito alta para o BC dar início ao corte dos juros já no próximo mês. Os dados das coletas de preços de maio, da FGV, mostram isso.
Ontem, Meirelles desvinculou-se do cargo de presidente do Conselho do grupo J&F e agora vai começar a montar a equipe do Ministério da Fazenda, onde há cargos estratégicos para arrumar o desequilíbrio fiscal, como a secretaria do Tesouro Nacional e da Receita Federal, dentre outros. Tombini deve ajudá-lo Meirelles na preparação da política fiscal, cujas medidas têm que estar prontas tão logo Temer assuma. Tombini é o membro mais longevo da diretoria do BC e, quando sair vai cumprir seis meses de quarentena.
Fonte: Valor Econômico