Meirelles: PIB potencial será de 4% em 4 anos

    MINISTRO AFIRMOU QUE, PARA CHEGAR A ESSE PATAMAR DE CRESCIMENTO, O PAÍS TERÁ DE APROVAR AS REFORMAS

    Autor: HENRIQUE GOMES BATISTA Correspondente henrique.batista@oglobo.com.br

    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem em Washington que o Produto Interno Bruto(PIB) potencial brasileiro – o quanto o país tem capacidade de crescer sem gerar pressões inflacionárias – pode chegar a 4% em três a quatro anos, se as reformas estruturais, como a da Previdência, forem feitas.

    Atualmente, o PIB potencial brasileiro, segundo o ministro, está entre 2,2% e 2,5%. Em uma palestra para investidores no Instituto de Finanças Internacionais (IIF), o ministro tentou passar uma imagem positiva do país.

    – Esperamos que o PIB potencial possa chegar a 4% com reformas, o que é bem viável. Eu acho que é possível que, no futuro, o Brasil possa crescer a este tipo de taxa em universo de poucos anos, em três, quatro anos – afirmou.

    Meirelles disse que, para alcançar esse patamar de crescimento, seria necessário não apenas fazer grandes reformas macroeconômicas, como a da Previdência e a tributária, mas também implantar mudanças microeconômicas. Como exemplo citou a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que vai ser cobrada nos empréstimos do BNDES, índice que convergirá para taxas do mercado.

    – Isso permitirá que o Brasil cresça mais com menos inflação e menos Juros, e isso é tudo muito importante. Estamos indo nessa direção. Vejam que a inflação nos últimos 12 meses no Brasil está nos índices mais baixos da história recente, chegando a 2,5%. A taxa de Juros real também está nos níveis mais baixos da história – disse Meirelles.

    O ministro ainda lembrou que diversos cenários do mercado apontam para um crescimento da economia brasileira maior que o estimado no Orçamento, de 2% para 2018. As projeções estão se aproximando de 3%. Na média do mercado, de acordo com o Boletim Focus, pesquisa do Banco Central com mais de cem bancos e consultorias, a previsão está em 2,43%. Mas, o Itaú Unibanco já projeta alta de 3%.

    REFORMA INTERESSA A TODOS

    Meirelles afirmou também que espera que a Reforma da Previdência seja aprovada ainda este ano, lembrando que isso facilitaria a gestão do presidente que vier a ser eleito em 2018:

    – A aprovação da Reforma da Previdência é do interesse, ou deveria ser, das diversas facções políticas. Porque, inclusive, se não for aprovada agora, terá que ser discutida e aprovada no próximo governo. Isso será ruim para quem assumir, porque o primeiro desafio será enfrentar a Reforma da Previdência.

    O ministro afirmou que, mesmo que a Reforma da Previdência não seja votada este ano, o teto dos gastos públicos (que não podem ultrapassar a inflação do ano anterior), aprovado como uma emenda constitucional em 2016, tem mecanismos para evitar um estouro das contas públicas.

    – A lei tem mecanismos autocorretivos, portanto, se não houver aprovação das medidas necessárias e se, em algum momento, o orçamento e as despesas públicas violarem a regra do teto, os mecanismos são autocorretivos. Existe o corte de novas isenções e subsídios, paralisação de qualquer aumento de contratação ou de salários.

    Mas, para o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Déficit em contas públicas ainda fará a dívida crescer. Na última quarta-feira, o Fundo projetou que o Brasil terá a maior dívida em relação ao PIB entre 40 países emergentes em 2019. A dívida pública vai representar 91,9% do PIB naquele ano e chegará a 96,9% em 2022. Estava em quinto lugar ano passado, atrás de Egito, Ucrânia, Croácia e Sri Lanka.

    Meirelles também afirmou que a negociação do Mercosul com a União Europeia (UE) para selar um acordo comercial entre os dois grupos ‘está indo bem’, mas lembrou que esse tipo de debate é sempre complexo. Ele se encontrou ontem, em Washington, onde está para a reunião anual do FMI, com Pierre Moscovici, comissário de Assuntos Econômicos da UE.

    – Existem discussões referentes à questão da cota de exportação, principalmente de álcool e outros produtos agrícolas para a Europa. Por outro lado, existe também uma discussão em relação ao tempo previsto para a abertura de alguns mercados brasileiros, principalmente na área industrial e de serviços. Mas é uma discussão que está indo bem – disse Meirelles.

    NEGOCIAÇÃO COM GRÃ-BRETANHA

    Dentro do governo brasileiro, há quem acredite que um acordo entre os dois blocos poderia ser assinado antes do fim do ano. Meirelles afirmou que quer negociar um acordo comercial com o Reino Unido assim que este deixar formalmente a UE – o chamado Brexit – e que está aberto a negociação com outros países, como o México.

    Fonte: O Globo

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