Mercado reage mal à fala de Temer e ministros saem em defesa da Previdência

    Aposentadoria. Após a declaração do presidente de que a reforma pode não ser aprovada, Bolsa cai ao menor patamar em dois meses; na tentativa de conter a repercussão negativa, Meirelles, Padilha e Oliveira defenderam aprovação do texto no Congresso
    BRASÍLIA

    O mercado reagiu mal à declaração do presidente Michel Temer sobre a possibilidade de uma derrota na aprovação da Reforma da Previdência. Ao longo do dia, enquanto a Bolsa caminhava para fechar o pregão no menor patamar dos últimos dois meses, os principais ministros de Temer fizeram coro para defender a reforma.

    Henrique Meirelles, da Fazenda, disse que o governo não vai recuar e acredita que há possibilidade de aprovação do texto ainda este ano. “Temer reconheceu uma realidade. A ideia é ir para a discussão e para a votação”, afirmou. Eliseu Padilha, da Casa Civil, garantiu que a Previdência continua sendo uma prioridade. E Dyogo Oliveira, do Planejamento, disse, em Roma, que o governo “vai continuar utando pela reforma”.

    Mesmo com as declarações positivas dos ministros, a Bolsa encerrou o dia com queda de 2,55%. Foi a primeira vez, desde o dia 5 de setembro, que ela ficou abaixo dos 73 mil pontos. As ações de empresas com controle estatal, como Petrobrás e Banco do Brasil, despencaram. Apesar de o risco de derrota do projeto não ser uma novidade, o fato de Temer ter admitido isso anteontem e o tom resignado que usou em seu discurso a parlamentares levaram a um mau humor generalizado no mercado. “As declarações do presidente foram interpretadas como a constatação derradeira de que dificilmente teremos notícias positivas na parte política no atual governo”, disse Vladimir Pinto, gestor de renda variável da Grand PrixAsset.

    Com a repercussão negativa, Temer divulgou um vídeo nas redes sociais em que afirma ter cumprido seu dever ao propor uma reforma ao Congresso que corta privilégios. “Quero transmitir minha ideia de que toda minha energia está voltada para concluir a Reforma da Previdência”, afirmou.

    Por trás da declaração de anteontem do presidente, que foi interpretada como se o governo tivesse jogado a toalha, há a estratégia do Palácio do Planalto de dividir com a cúpula do Congresso e transferir sobretudo para Rodrigo Maia, presidente da Câmara, a responsabilidade da aprovação da proposta, conforme apurou o Estadão/Broadcast.

    Maia disse não ter visto a declaração de Temer “de modo pessimista”. “Tem que aprovar a reforma. Agora, esse não é um projeto apenas do Legislativo. O governo precis a ajudar a organizar essa votação”, afirmou.

    Ontem, na saída da reunião de Temer com senadores, o líder do PMDB no Senado, Raimundo Lira (PB), contou que o presidente defendeu a aprovação de pelo menos uma idade mínima. Outros pontos da reforma ficariam para a próxima gestão.

    Para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Temer “perdeu as condições” para aprovar a reforma, mesmo que em um formato mais enxuto. “Essa coisa de se tratar de idade mínima é tardia. Isso deveriater sido colocado em um cenário lá atrás”, afirmou. / ADRIANA FERNANDES, CARLA ARAÚJO, IGOR GADELHA E PAULA DIAS

    Fonte: O Estado de S. Paulo

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