Mercado reduz projeção e vê PIB crescer 1,2% em 2014

    Por Ana Conceição | De São Paulo

    Os analistas do mercado financeiro cortaram pela terceira semana consecutiva sua expectativa para o avanço da economia neste ano, de acordo com o boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco CENTRAL, que colhe projeções entre cerca de cem instituições. A revisão ocorre depois de alguns dados fracos divulgados na semana passada, como o do varejo e o indicador de atividade do BC.

    A mediana das estimativas dos analistas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 caiu de 1,44% para 1,24%. Há um mês, a projeção estava em 1,62%. A expectativa para 2015 também se deteriorou e a mediana saiu de 1,80% para 1,73% na divulgação de ontem.

    Os analistas consultados pelo BC também revisaram para baixo a estimativa para o crescimento da produção industrial neste ano, agora visto em apenas 0,51%, quase metade da previsão divulgada na semana anterior, de 0,96%. Para 2015, a projeção continua a ser de crescimento de 2,25% da atividade da indústria.

    Entre os indicadores divulgados na semana passada que reforçaram a perspectiva de desempenho modesto da economia está o do varejo, que teve retração de 0,4% em abril no conceito restrito. Mesmo com o avanço da concessão de crédito – que impulsionou a venda de veículos -, o varejo ampliado (que inclui automóveis e material de construção) ficou aquém do previsto e cresceu 1,6%.

    Depois, na sexta-feira, o BC informou que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que busca antecipar a tendência do PIB, apresentou em abril uma pequena elevação de 0,12%.

    Já as projeções dos analistas para a inflação seguiram praticamente as mesmas em relação à semana anterior, de acordo com o boletim. As projeções do mercado para a taxa básica de juros não mudaram.

    A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano teve pequena queda, de 6,47% para 6,46%, enquanto para 2015, saiu de 6,03% para 6,08%. A projeção do IPCA em 12 meses foi aquela a ter a revisão mais significativa, de 6,01% para 5,91%. A aposta para junho seguiu em 0,34%. Na quarta-feira, o IBGE divulga a prévia da inflação (IPCA-15) deste mês.

    Quanto ao comportamento da taxa básica de juros, a Selic, as estimativas seguiram em 11% ao fim deste ano e em 12% ao fim do próximo. Entre os analistas Top 5 – os que mais acertam as previsões, segundo ranking do BC- nada mudou. As medianas de médio prazo para o IPCA em 2014 (6,30%) e 2015 (7,03%), assim com as da Selic neste ano (11,25%) e no próximo (11,63%) seguiram as mesmas.

    Houve ainda revisão para baixo nas previsões do Focus para os Índices Gerais de Preços (IGPs). A estimativa para o IGP-DI em 2014 caiu de 6,24% para 6,19%, e para o IGP-M cedeu de 6,56% para 6,05%. Foi a sexta vez consecutiva que esses índices foram revisados para baixo.

    Ontem, a FGV informou que o IGP-10 teve deflação de 0,67% em junho, após alta de 0,13% em maio, graças à queda mais forte dos preços agropecuários no atacado e da desaceleração da inflação no varejo, comandada pelos alimentos.

     

    Fonte: Valor Econômico

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