Meta do ano é incerta e não sabida

    Se há alguma coisa que ninguém quer explicar no governo é qual o tamanho do déficit primário das contas consolidadas do setor público para este ano. Nem vamos falar de 2016! Quinta-feira à noite, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, arriscou uma cifra: o déficit de 2015 será de R$ 70 bilhões. À tarde, havia informado que era de R$ 50 bilhões.

    Há pelo menos duas semanas, os responsáveis pelo assunto no governo discutem sem tomar uma decisão. Na quinta-feira, Wagner informou que o valor poderia aumentar, já que os cálculos seriam refeitos pela junta orçamentária ao longo da noite. Parece que o governo não sabe como fará a quitação das “pedaladas” julgadas ilegais pelo TCU, que as estimou em R$ 40 bilhões. Mas não é claro se esse é o estoque, ou se partes da conta já foram pagas. Não há quem explique se as “pedaladas” entrarão ou não na conta do déficit.

    Autoridades do governo, em conversas reservadas, disseram na semana passada que haveria uma meta fiscal geral e uma outra para pagar as “pedaladas”. Após a informação de Wagner sobre a disposição do governo de pagar tudo de uma só vez, ninguém se dispôs a esclarecer onde isso será contabilizado. Há quem diga, extraoficialmente, que o governo resolveu incluí-las totalmente no déficit primário deste ano.

    Outras inúmeras questões continuam sem respostas: como esse pagamento será feito, se com títulos, ações ou outros eventuais ativos; qual o impacto das operações que serão efetuadas nas dívidas líquida e bruta; ou o que isso representará para a meta de 2016. Isso mostra o grau de deterioração das contas públicas encontradas no início deste ano e a confusão em que ainda se encontram. O ano aproxima-se do fim e ainda estão em discussão pagamentos relativos a gastos considerados ilegais pelo TCU em 2014.

     

    Fonte: Valor Econômico

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