Novo time do BC deve incluir academia e mercado

    Analista econômicos apostam que o novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, vá recrutar nomes da academia e do mercado financeiro para compor a sua equipe, criando maior diversidade numa diretoria que hoje é predominantemente de funcionários de carreira da instituição.

    Para a diretoria de política econômica, que tem papel central no regime de metas de inflação, o mais citado é do professor Carlos Viana de Carvalho, da PUC-Rio, um especialista em política monetária com PhD em Princeton.

    Seria uma volta à tradição dos primeiros anos do regime de metas, quando uma sequência de especialistas da academia ocuparam o cargo, com Sérgio Werlang, Ilan Goldfajn, Afonso Bevilaqua e Mário Mesquita.

    O time incluiria duas outras áreas que, em gestões anteriores, tiveram muitos nomes de fora do BC: assuntos internacionais e política monetária. Mas a aposta é que sejam escolhidos ou mantidos nomes da estrutura do BC, para se beneficiar da experiência atual e do conhecimento de áreas mais técnicas.

    A presidente afastada Dilma Rousseff era contra nomes do mercado para a diretoria do Banco Central. A exceção na equipe atual é o diretor de assuntos internacionais, Tony Volpon, que era chefe de pesquisas para mercados emergentes das Américas na Nomura Securities International, em Nova York.

    Colegas de Viana de Carvalho, que já chegou a ser cotado para comandar a área de política econômica em outras oportunidades, dizem que ele lidera hoje a bolsa de apostas porque, além da bagagem acadêmica, tem experiência internacional e no mercado financeiro.

    Ele foi economista sênior do Federal Reserve de Nova York, economista-chefe da Opportunity Asset Management e gestor de fundos do bancoBBA. Suas pesquisas são relevantes o bastante para passarem pelos critérios rigorosos de seleção de revistas internacionais como o “Journal of Monetary Economics”, “Journal of Empirical Finance” e a “American Economic Review”.

    Outro nome bastante citado é o de Tiago Berriel, também da PUC-Rio. Ele é outro PhD por Princeton, orientado pelo professor de português Ricardo Reis, considerado um dos maiores especialistas em assuntos monetários da atualidade.

    No ano passado, Berriel fez um estudo muito debatido entre os especialistas sobre a suposta dominância fiscal no Brasil. Goldfajn e o ex-presidente do BC Arminio Fraga foram orientadores dele em dissertação pela PUC-Rio. O economista também tem experiência de mercado, como responsável pela análise macro da Pacífico Gestão de Recursos

    Viana de Carvalho e Berriel são nomes tão citados nas especulações de mercado que muitos apostam na hipótese de ambos integrarem a equipe de Goldfajn, um na política econômica e outro na área internacional.

    Um nome também lembrado é o do professor da PUC-Rio Márcio Garcia, um PhD por Stanford que se dedica a temas como política monetáriae cambial. Outro especialista em política monetária citado por alguns é o professor da USP Fábio Kanczuc, PhD em Economia pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles

    Para a Diretoria de política monetária, o perfil seria de alguém com formação acadêmica e experiência como operador no mercado financeiro, seguindo a linhagem de Luiz Fernando Figueiredo, Luiz Augusto Candiota e Mário Torós.

    Numa lista de possíveis nomes bem extensa e pouco consensual, um bastante lembrado é Marcelo Muniz, que foi sócio de Goldfajn na Ciano e fundador da Axio Gestão de Recursos, que depois se juntou ao Banco BBM.

    Poucos no mercado financeiro acreditam que Goldfajn vá nomear mulheres para o Banco Central apenas para cumprir cotas por gênero. Mas alguns ponderam que não faltariam nomes com currículo forte o suficiente para disputar uma posição no BC, independentemente de critérios de diversidade.

    É o caso de Fernanda Nechio, uma PhD por Princeton que é economista sênior do Federal Reserve de San Francisco. Também Bianca De Paoli, PhD pela LSE e economista sênio do Federal Reserve de Nova York. Dentro do próprio corpo de funcionários do BC, a consultora Katherine Hennings é sempre lembrada como candidata a compor a diretoria colegiada da instituição.

    Fonte: Valor Econômico

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