Para analistas, índice de atividade do BC aponta recuo em outubro

    O quarto trimestre começa em tom ligeiramente negativo, após queda nos serviços e no varejo e uma alta discreta na indústria. Esse cenário não reverte a tendência de recuperação da economia, mas mostra que a retomada ainda não é robusta, segundo analistas.

    O Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), que será divulgado hoje, deve apontar retração de 0,15% em outubro, ante setembro, feito o ajuste sazonal, de acordo com a média das estimativas de 15 consultorias e Instituições Financeiras consultadas pelo Valor Data. Em relação a outubro de 2016, a expectativa é de alta de 2,5%.

    Em setembro, dado que deve ser revisado, o IBC-Br subiu 0,4% ante agosto e 1,3% ante o mesmo mês do ano passado. O intervalo das estimativas vai de alta de 0,2% a queda de 0,4%.

    “O início do quarto trimestre não é animador, mas a base de recuperação da economia se dá em alicerces fracos. Acabamos de chegar a 3% de juro real”, afirma Flavio Serrano, economista-sênior do banco Haitong, para quem a tendência é de melhora na medida em que a economia incorporar de forma mais contundente a queda das taxas de Juros. Ele ressalta que os setores continuam a crescer sobre o mesmo período do ano passado.

    O banco estima que o IBC-Br terá queda de 0,3% em outubro ante setembro. Se a estimativa se realizar, o mês deixará um carregamento estatístico negativo de 0,2% para o quarto trimestre.

    O volume de serviços prestados caiu 0,8% em outubro ante setembro, no quarto mês seguido de retração, enquanto o varejo ampliado recuou 1,4% após ter registrado alta nos dois meses anteriores. Na indústria, a produção subiu 0,2% em outubro ante setembro, quando houve alta de 0,3%, mantendo a tendência de melhora, ainda que gradual.

    Para Serrano, segmentos mais dependentes da melhora do mercado de trabalho estão mais sujeitos ao sobe e desce das taxas, mas ele diz que a tendência é de alta. “Observamos que a economia entrou num processo de crescimento, não há dúvida.”

    As quedas seguidas do volume de serviços prestados são reflexo de uma retomada que ainda não ganhou força, afirma Carlos Pedroso, do Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG) no Brasil. “Nesse padrão de recuperação, há áreas engatinhando, como a indústria, mas a situação como um todo ainda está ruim. Os serviços refletem isso”, diz. A instituição prevê queda de 0,2% no IBC-Br de outubro.

    Pedroso pondera que os indicadores de confiança têm se mantido positivos. Assim, há uma perspectiva de melhora à frente. Ele acredita que a atividade do quarto trimestre ainda será positiva, apesar do início mais fraco do período. Alguns dados, diz, mostram que novembro deve ser um mês com números melhores.

    No varejo, por exemplo, que registrou vendas decepcionantes em outubro, a interpretação dos analistas é que o mês pode ter sido prejudicado pelo adiamento das compras por causa da Black Friday. Por isso, espera-se que os resultados do mês passado mostrem desempenho mais positivo.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

    Matéria anteriorGoverno recua, mas não convence servidores
    Matéria seguinteEditorial: Redução dos compulsórios deverá baixar juro do crédito