Autor: Thais Carrança
Com resultados abaixo do esperado na indústria e setor de serviços em janeiro, a atividade começou o ano em queda, levantando dúvidas quanto ao ritmo da retomada este ano. A média das projeções de 18 consultorias e Instituições Financeiras ouvidas pelo Valor Data é de retração de 0,9% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em janeiro, na base mensal ajustada.
As projeções vão de queda de 2,6% a alta de 0,2%. Se confirmada a média das estimativas, a atividade terá interrompido sequência de quatro meses de avanços e registrará a baixa mais acentuada para o IBC-Br desde março de 2016 (-0,89%). Na comparação anual, a média das projeções dos analistas é de um avanço de 2,5% em janeiro. O indicador será divulgado hoje.
Em janeiro, a produção industrial registrou queda de 2,4% e a receita real de serviços recuou 1,9%, ambos em relação a dezembro e feito o ajuste sazonal. Em contrapartida, o varejo restrito (não inclui automóveis e material de construção) avançou 0,9%, enquanto o varejo ampliado caiu 0,1%. A alta acima do esperado do varejo restrito não foi suficiente para dissipar a impressão de que a atividade começa o ano em ritmo mais fraco do que o antecipado.
“A atividade em janeiro surpreendeu para baixo, sobretudo na indústria e serviços, isso provavelmente vai se refletir num IBC-Br bastante fraco “, afirma Caio Napoleão, economista da MCM Consultores. “Ainda temos todos os motivos para crer que a economia vai continuar se recuperando, mas pode ser que isso ocorra de maneira mais lenta do que o previsto.”
Após resultado pior do que o esperado na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada na sexta-feira, a consultoria revisou para baixo a estimativa para o IBC-Br de janeiro, de queda de 2,3% para recuo de 2,6%, em relação ao mês anterior. Na comparação anual, o avanço estimado é de 1,6%. O economista destaca que a atividade em janeiro reverteu um dezembro muito bom. “De certa forma, janeiro foi uma reversão à média”, avalia.
O Haitong calcula que o IBC-Br recuou 0,8% em janeiro, na comparação mensal ajustada, mas cresceu 2,7% em relação ao ano anterior. “O crescimento ainda está engrenando, é natural uma volatilidade dos números, com vários meses fortes e depois uma devolução parcial do resultado”, diz Flávio Serrano, economista do banco.
Para Serrano, as surpresas negativas nos dados de atividade em janeiro não colocam a retomada da economia sob suspeita, mas devem esfriar a onda de revisões para cima nas projeções para o crescimento do PIB em 2018. “A economia está em recuperação, mas ainda não em ritmo vigoroso, é um ritmo moderado. Vai ganhar tração ao longo do ano, por conta da situação favorável de estímulo monetário, inflação baixa e mercado de trabalho melhorando”, afirma.
Opinião semelhante tem Alberto Ramos, do Goldman Sachs. Para ele, apesar dos resultados fracos registrados em janeiro, a perspectiva para o consumo das famílias e o setor de serviços permanece positiva, suportada pelo ambiente de baixa inflação, que reforça a renda real, pelo avanço do emprego, condições de crédito gradualmente menos exigentes e melhora da confiança.
Fonte: Valor Econômico