Por Alex Ribeiro | De Brasília
Os cálculos do Banco Central, que vem acompanhando como expectador as discussões entre governo e Petrobras para definir uma fórmula para reajuste dos combustíveis, mostram que uma eventual majoração dos preços desses produtos não impediria atingir o seu objetivo informal de entregar em 2013 uma inflação menor do que os 5,84% medidos no ano passado.
O Banco Central procura se manter distante da discussão sobre a definição da fórmula, tomando a variação do preço dos combustíveis como um fator exógeno que alimenta seus modelos de projeção. Mas, segundo o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, apurou, a instituição considera que uma definição do reajuste poderá ajudar na sua tarefa de coordenar as expectativas dos agentes econômicos.
Em fins de outubro, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que o preço da gasolina estava defasado em 6,5%, o do diesel, em 19%. O Banco Central trabalha, nas suas projeções contidas no seu relatório de inflação, com um reajuste de 5% no preço da gasolina. De janeiro a outubro, o preço do produto aumentou menos do que isso: 1,73%. Dentro das contas, está também o preço do álcool misturado na gasolina. A inflação projetada para 2013 pelo BC no relatório é de 5,8%, tanto no cenário de referência quanto no cenário de mercado.
A leitura do Banco Central é que nos últimos meses, criaram-se várias datas “cabalísticas” para a definição do reajuste de combustíveis, que não se confirmaram, como as vésperas do leilão do campo de Libra. Agora, as expectativas estão voltadas para a reunião do conselho de administração da Petrobras, na sexta-feira. Essas várias datas alimentaram especulações, algumas infladas, sobre o tamanho do reajuste necessário para alinhar os preços domésticos dos combustíveis aos custos no mercado internacional. Os percentuais variaram de 5% a 30%, dependendo de quem fez a conta.
Mesmo com todo o ruído causado pela indefinição sobre o reajuste dos combustíveis, a inflação projetada pelo mercado para 2013 não está muito distante da meta informal do BC – o boletim Focus aponta um IPCA de 5,84% para o ano.
Fonte: Valor Econômico