Autor: Arícia Martins
A trajetória de lenta recuperação da atividade teve continuidade no início do terceiro trimestre, mesmo com o comportamento ruim dos serviços, avaliam economistas. Segundo a estimativa média de 16 Instituições Financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) cresceu 0,09% entre junho e julho, feitos os ajustes sazonais, depois de avançar 0,5% na medição anterior.
As projeções para o indicador considerado um termômetro mensal do Produto Interno Bruto (PIB), a ser divulgado hoje pela autoridade monetária, vão de redução de 0,2% a expansão de 0,41%. Em relação a julho do ano anterior, a expectativa é de aumento de 0,81% do índice.
Segundo Luiz Castelli, economista da GO Associados, a alta de 0,17% prevista para o IBC-Br em julho foi influenciada pela produção industrial e pelas vendas do varejo. Ante junho, a atividade industrial subiu 0,8%, enquanto o volume de vendas no comércio ampliado, que inclui automóveis e material de construção, aumentou 0,2%. Já o volume de serviços prestados caiu 0,8% no período, mas Castelli afirma que o tombo não representa uma tendência. Todos os dados são calculados pelo IBGE.
“A impressão é que a retração foi pontual, pois ela ocorreu depois de várias altas seguidas”, diz o economista, para quem o desempenho previsto para o IBC-Br em julho, se confirmado, configura um bom começo de trimestre. Em seus cálculos, se o indicador crescer 0,17% no mês, o carregamento estatístico será de 0,37% para o restante do trimestre. Isso significa que, se o IBC-Br ficar estável nos dois meses seguintes, terá alta de 0,37% de julho a setembro na comparação com os três meses anteriores.
O resultado do sétimo mês do ano deve indicar que, apesar da fragilidade do setor de serviços, a economia segue em trajetória de recuperação, concorda Bruno Levy, da Tendências Consultoria.
O PIB do terceiro trimestre deve vir no campo positivo, afirma ele, que trabalha com expansão de 0,2% para o indicador oficial do IBGE no período. Para o IBC-Br, a expectativa da Tendências é de avanço de 0,26% de junho para julho.
Castelli estima de forma preliminar que a economia vai ficar estável na passagem do segundo para o terceiro trimestre, mas pondera que o desempenho fraco se dará principalmente pela forte redução esperada para o setor agropecuário.
O PIB da indústria e dos serviços deve ter variação positiva, afirma, enquanto, pela ótica da demanda, o consumo das famílias tende a subir novamente, após avanço de 1,4% entre abril e junho, embora em ritmo mais modesto. “A recuperação é lenta, mas deve ganhar mais força no segundo semestre”, disse. Na média do ano, a consultoria prevê que o PIB vai aumentar 0,6%.
Para a equipe do Santander, que trabalha com expansão de 0,1% para o IBC-Br na abertura do terceiro trimestre, a tendência ascendente do PIB brasileiro iniciada no primeiro trimestre ficará ainda mais visível nas próximas divulgações. Em julho, afirmam os analistas do banco em relatório a clientes, a atividade econômica teve contribuição positiva da produção industrial e do comércio.
Fonte: Valor Econômico