Fundo Monetário Internacional eleva projeção para atividade econômica no país este ano de 1,5% para 1,9%. Apesar da melhora, fica bem abaixo da média mundial de 3,9% e da previsão para nações em desenvolvimento de 4,9%
» HAMILTON FERRARI – ESPECIAL PARA O CORREIO
» ROSANA HESSEL
O Brasil está no fim da fila das nações que mais vão crescer em 2018, na avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI). Apesar de ter elevado as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) do país, a entidade está mais pessimista do que os economistas nacionais e até mesmo do que a Standard & Poor’s, que rebaixou o grau de investimento dos títulos brasileiros. Para 2018, a expectativa de atividade econômica passou de 1,5% para 1,9%, enquanto a agência de risco espera uma expansão de 2,2%.
As novas estimativas foram apresentadas ontem em Davos, na Suíça. Hoje, será a abertura do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) no local. As projeções estão longe do que espera o mercado e o governo, 2,7% e 3%, respectivamente. O economista Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências, afirmou que o FMI costuma ser mais conservador nas análises, principalmente depois que o Brasil surpreendeu negativamente nos últimos anos.
“O que podemos perceber é que os fundamentos estão bem consolidados, e a retomada da economia, encaminhada”, afirmou o especialista. Apesar disso, ele destacou que o FMI percebeu que há “ruídos” no horizonte que podem atrapalhar o crescimento da atividade econômica. “A própria eleição é uma delas, porque, pensando do lado dos investimentos, há um peso muito grande se houver volatilidade nos mercados”, apontou Campos Neto.
Os primeiros grandes testes começam a ser feitos amanhã, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será julgado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Se condenado, o petista poderá ficar fora das eleições, o que daria mais chances a um candidato de centro, que prosseguiria com às reformas.
Além disso, está chegando o dia da votação da proposta de emenda à constituição (PEC) da Previdência Social. O governo precisa de 308 votos para aprovar o texto em primeiro turno. O mercado defende a reforma, mesmo que mais enxuta. Álvaro Bandeira, economista-chefe e sócio do Modal Mais, declarou que o governo precisa dar uma sinalização de que o ajuste vai continuar, pelo menos, a curto e médio prazos.
“O governo precisa continuar perseguindo medidas para colocar a economia no rumo. Então, por mais emagrecida que seja a reforma, é mais por efeito de sinalização do que na prática de controle a curto prazo”, apontou o especialista.
Mundo à frente
Além da Standard & Poor’s, o FMI acredita que o Brasil vai crescer menos que outras nações. A entidade internacional prevê que a média da atividade econômica das nações vai ficar em 3,9% em 2018 e em 2019, enquanto o país estará entre 1,9% e 2,1%, respectivamente.
Segundo o Fundo, o Brasil está com o PIB mais próximo dos seus vizinhos latinos do que os países considerados emergentes. A média da atividade econômica das nações da América Latina está em 1,9% em 2018, enquanto registra 2,6% nas projeções de 2019. Já entre os países emergentes, a média ficou em 4,9% e 5%, respectivamente.
O economista Flávio Serrano, da Haitong, disse que o país não deve ter um crescimento maior em 2018 por conta da situação geral dos empregos. “O desemprego ainda está num nível muito elevado. Deve fechar o ano de 2017 em 12,8% e não deve melhorar mais que 0,6 ponto percentual. Esta difícil recuperação do trabalho vai colocar barreiras na melhora da atividade”, avaliou, destacando que prevê crescimento de 2,2% no PIB de 2018 e de 2,5% em 2019.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE