Para Ipea, ociosidade permitirá expansão monetária em 2018

    O grau de ociosidade da economia vai comportar uma política monetária expansionista no próximo ano, sem pressões inflacionárias, mesmo com os níveis ainda baixos de investimento. A avaliação é de José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

    Em nota técnica obtida pelo Valor, o Ipea estima que o grau de ociosidade da economia atingiu patamares recordes na crise. No quarto trimestre de 2016, o hiato do produto – diferença entre o Produto Interno Bruto(PIB) efetivo e o potencial – era negativo em 5,6%. Com o início da recuperação econômica, o indicador passou para 4,4% no segundo trimestre.

    “Há, portanto, um espaço significativo para a continuidade da retomada cíclica da economia brasileira neste e no próximo ano num ritmo acima do crescimento da capacidade produtiva. No fim de 2018, o hiato estará ainda negativo em 2,1%”, disse o economista. Ele estima que a diferença entre o PIB potencial e efetivo deve fechar no fim de 2019.

    Os cálculos consideram que o PIB vai crescer 0,7% neste ano e 2,6% em 2018. A inflação deve continuar comportada, em 2,9% e 4,2% pelo IPCA, respectivamente. O Ipea prevê que a Taxa Básica de Juros, a Selic, será cortada até 7% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) ainda neste ano, permanecendo inalterada ao longo do ano que vem.

    Segundo Souza, os investimentos devem voltar a crescer de maneira ainda tímida no terceiro trimestre. O Ipeaestima aumento de 1,6% da formação bruta de capital fixo, frente aos três meses anteriores, pela série com ajuste sazonal. Na avaliação do diretor do Ipea, os dados de produção e importação de máquinas e equipamentos já indicam essa retomada. Em 2018, o crescimento do investimento será mais forte, de 4,2%.

    Com a retomada do crescimento dos investimentos no país e a gradual reversão da tendência da produtividade e do desemprego, o Ipea prevê um aumento do PIB potencial em 0,7% na média de 2018. Trata-se, contudo, de uma taxa ainda relativamente baixa e inferior ao crescimento de 2,6% previsto para a economia.

    “A taxa de crescimento do produto potencial estará, contudo, em aceleração ao longo do ano, devendo chegar a uma taxa anualizada de cerca de 1,5% no último trimestre”, avalia Souza.

    Para o Brasil acelerar a expansão do PIB potencial, o economista defende desde aumento da escolaridade até reformas microeconômicas (trabalhista, lei de recuperação judicial das empresas etc.), além de ambientes regulatórios estáveis para atrair investidores, especialmente para projetos de infraestrutura.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

    Matéria anteriorSem crise global, é hora de consertar os países, afirma FMI
    Matéria seguinteMeirelles: PIB potencial será de 4% em 4 anos