Parcelado sem juros tem de ser transparente, afirma Ilan

    Não há plano de acabar com modalidade de crédito, diz presidente do BC, mas lojista tem de informar de forma clara custos embutidos

    Na queda de braço entre lojistas e credenciadoras de cartão (as donas das maquininhas), o Banco Centralmandou um recado nesta segunda (26): o lojista pode continuar oferecendo o parcelado sem Juros, desde que fique claro o custo da operação. O parcelado sem Juros leva esse nome, mas os custos acabam embutidos no preço final cobrado do consumidor.

    “Se coloca que nós queremos acabar com o financiamento ao lojista. De jeito nenhum”, disse o presidente do Banco CentralIlan Goldfajn, em evento na Câmara Espanhola, em São Paulo. 0 que o BC deseja, disse, é acabar com a ideia de que há algo sem Juros, em especial no Brasil, onde o juro ainda é alto se comparados a outros países.

    O BC, disse Goldfajn, estuda com empresas de cartões e lojistas como mexer no sistema para reduzir distorções e subsídios cruzados.

    “O lojista pode parcelar, tudo continua valendo, mas tudo tem custos e precisa ser endereçado de alguma forma”, disse. Goldfajn afirmou que o BC ainda não decidiu o que fazer com o parcelado sem Juros do cartão porque “as soluções não são fáceis”.

    Grandes credenciadoras de cartões (cujos donos são os grandes bancos) estudam uma alternativa ao parcelamento sem Juros.

    Elas propõem um produto novo com taxas diferenciadas segundo o perfil do cliente. Dessa forma, assumiríam o financiamento ao consumidor, hoje feito pelo lojista.

    Em troca, o pagamento ao lojista, hoje feito em 30 dias, poderia ser antecipado.

    O setor, porém, não chegou a um acordo. Há o temor de que os bancos concentrem muito poder em toda a cadeia — de donos da maquininha a financiadores do consumidor.

    Outro ponto de atenção é que a mudança poderia abalar fonte importante de receita para as credenciadoras menores: a antecipação do pagamento ao lojista, já que este passaria a receber pela compra em menos dias.

    No esforço para reduzir o custo do crédito, o presidente do BC defendeu o incremento de empréstimos feitos com garantia, como hipotecas e o consignado, cuja garantia é o salário.

    BANQUEIRO

    No evento, Goldfajn não escapou de críticas da platéia aos Juros ainda altos do Brasil, arbitrados, segundo disseram, por um BC presidido por um “banqueiro”.“Em primeiro lugar, deixa eu colocar os pingos nos ‘is’. 0 BC determina a taxa básica da economia, e isso não depende da vontade das pessoas”, disse.

    Seria preciso combater a ideia de que as coisas dependem de voluntarismo, disse.

    “Fui economista-chefe [do Itaú] e vendi todas as minhas ações quando sai.”

    Fonte: Folha de S.Paulo

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