PDT propõe a Dilma mudança em BC

    Por Raphael Di Cunto | De Brasília

    No ato em que vai confirmar o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o PDT deve aprovar carta em que sugere o “desmonte” do Banco Central e substituição por novas estruturas de formulação de objetivos e de execução da política monetária. O texto pretende servir como base para a formulação do programa de governo da petista.

    “Não há como afirmar a supremacia do trabalhismo, do valor do trabalho, da produção, do conhecimento e da busca da igualdade na economia com modelos submissos ao gerencialismo tecnocrático e ao rentismo no comando das finanças públicas”, diz a carta do partido. “O Banco Central continuará executando a política monetária, mas todas as demais etapas a ela antecedentes passam a ser formuladas pelo Executivo e pelo Congresso Nacional.”

    O documento, a que o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, teve acesso com exclusividade, foi escrito pelo deputado Paulo Rubem Santiago (PE) depois de discussões com economistas para ser uma das diretrizes programáticas que o PDT vai entregar à presidente Dilma. O texto, de cinco páginas, faz críticas ao baixo crescimento do país e à política de combate à inflação.

    “Agora vemos que a longa escalada praticada pelo Banco Central com a elevação dos juros, alimentando a incorreta tese da inflação de demanda, colocou novamente a economia em baixa rotação e dinamismo, gerando-se material para fortes ataques do PSDB e do PSB-Rede, principais forças de oposição ao atual governo”, afirma a carta.

    O PDT vai sugerir para Dilma uma mudança no diagnóstico de que a inflação tem como causa a demanda maior que a oferta e pedir que acabe com a política de aumento da taxa de juros como forma de combater o consumo. “Os juros altos não atingem a elevação do preço de alimentos provocada por secas, enchentes, pragas ou desvio da produção para o mercado externo nem os preços administrados, cujos contratos de reajuste são, ainda, indexados a outros índices.”

    Para o partido, essa mudança na política de juros vai acirrar a insatisfação das elites financeiras, “acostumadas há anos a ganhar com esse modelo”, mas que o governo e o PDT devem convocar a sociedade organizada para submeter a política monetária às diretrizes do desenvolvimento, estabilidade e crescimento.

    “O PDT tem o dever de expor à presidenta Dilma sua avaliação das limitações do atual modelo, mesmo reconhecendo no governo avanços sociais e diretrizes que priorizaram nesses anos todos os mais pobres, embora tenham sido os mais ricos os mais bem atendidos por esse conjunto de políticas econômicas de desonerações, subsídios, frouxidão no combate à sonegação e elevadas taxas de juros”, destaca a carta.

    A presidente Dilma tem recebido sugestões e demandas dos vários partidos aliados, como PP, Pros e PT, mas isso não significa que os pedidos serão incorporados ao programa de governo para um eventual segundo mandato.

    Fonte: Valor

     

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