Victor Martins / brasília
Pela primeira vez o mercado financeiro passou a projetar recessão para este ano. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) encolha 0,42%, puxado pelo desempenho negativo da indústria e pelo setor de serviços em desaceleração. Os dados são do boletim Focus, pesquisa semanal feita pelo Banco CENTRAL com instituições financeiras. A expectativa ruim para a economia ainda reforça um quadro já complexo de inflação elevada, juros em alta e dólar em escalada frente o real.
O PIB de serviços, segundo o Focus, deve crescer 0,40% em 2015, taxa que, se confirmada, será a menor da história. O da indústria, por sua vez, deve amargar o segundo ano seguido de retração: a projeção é de queda de 0,55%. A pesquisa mostra ainda que a agricultura deve apresentar o melhor desempenho, um crescimento de 1,80%.
“Esse quadro recessivo de 2015 é relacionado a todos os setores, e não só à indústria. É um recuo generalizado”, ponderou Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra. “A surpresa de 2015 talvez seja um desempenho medíocre para o setor de serviços.”
Juros. Até a semana passada, o mercado esperava que a alta dos juros deixaria a Selic em 12,5% ao ano em 2015. Agora, acredita-se que a autoridade monetária pode ampliar o ciclo de aperto da taxa básica, elevando-a para 12,75% até o fim deste ano. O pico do aperto ocorreria em abril, quando o BC colocaria a Selic em 13% ao ano. As apostas de ajuste nos juros para a próxima reunião do Comitê de política monetária(Copom), em 3 e 4 de março, migraram de uma alta de 0,25 ponto para 0,5 ponto porcentual.
Porém, mesmo com uma projeção de mais juros, o mercado não acredita que o Banco CENTRAL será capaz de colocar a inflação dentro do limite de tolerância da meta, que é de 6,5% ao ano.
A expectativa para o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), este ano, subiu de 7,15% para 7,27% dado que, se confirmado, obrigará o presidente do BC, ALEXANDRE TOMBINI, a escrever uma carta pública explicando o não cumprimento de sua missão institucional.
A expectativa para os preços administrados, entre a semana anterior e esta, também subiu, passando de 9,48% para 10%.
Fonte: O Estado de S.Paulo