Resultados ruins da indústria e do varejo levam analistas a revisar projeções de crescimento anual para baixo
Na última sexta-feira, logo após o BC divulgar que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-BR), considerado uma prévia do PIB, caiu 0,11% em março, o Bradesco comunicou a revisão de sua aposta de crescimento do PIB este ano. De uma alta estimada em 2,1%, o Banco passou a prever apenas 1,5%. Para o seu diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos, Octávio de Barros, a revisão se deve, entre outros motivos, ao “desempenho da economia no primeiro trimestre mais fraco do que esperávamos”.
O alerta do segundo maior Banco privado do país deve ser levado em conta, pois o próprio governo o considera, nos bastidores, uma instituição mais conservadora do que as demais privadas. Assim, as projeções do Bradesco são tidas como teto para o efetivo resultado da economia. Nas contas do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, na melhor das hipóteses, o PIB deve crescer 1,4% este ano. “Na verdade, é provável que o número final seja até um pouco mais baixo, em torno de 1,35%”, observou. Seria a terceira pior performance desde 2012, de só 1%.
Barros acredita que o acúmulo de estoques na indústria durante o último um ano e meio “reforça o cenário de desaceleração da atividade econômica”. A solução para eliminar ou baixar os estoques seria, na sua opinião, paralisar as fábricas até que as vendas reajam. “Deveremos observar um ajuste de estoques via redução da produção (algumas categorias, inclusive, já têm férias coletivas planejadas), o que deve confirmar essa sensação térmica mais moderada do PIB”, escreveu ele.
Rosa é ainda mais pessimista. Para ele, não é só a indústria que tem que buscar resultados melhor nos próximos meses. Também o varejo tem fraquejado em 2014. Durante os três primeiros meses do ano, as vendas mostraram desempenho irregular. Subiram em janeiro, ficaram no zero a zero em fevereiro e caíram em março. Com isso, o PIB deverá ter crescido só 0,2% no primeiro trimestre, percentual a ser conhecido na sexta-feira, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar o resultado das contas nacionais.
Desconfiança
Ele não descarta que, no terceiro trimestre do ano, o PIB possa até encolher. Os baixos resultados são um sintoma da falta de confiança das empresas e famílias, com o mau humor disseminado nos diversos setores empresariais”, disse o economista. A confiança dos empresários é afetada pelo baixo desempenho da economia, com inflação e juros altos, minando o PIB. Em maio, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), caiu para 48 pontos, o segundo pior desempenho da série histórica iniciada em 1999.
Fonte: Correio Braziliense