Planalto se mobiliza com medo de derrota

    Na tentativa de conter uma rebelião da base que possa culminar na rejeição ao nome de Fachin ao Supremo, governo afina o discurso com senadores aliados

    Na véspera da sabatina do advogado Luiz Edson Fachin à cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o Planalto se mobilizou para tentar impedir uma possível derrota no Senado. Logo após cancelar a agenda oficial para acompanhar o velório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), em Joinville, a presidente Dilma Rousseff aproveitou para convidar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outros parlamentares para viajarem ao lado dela, no avião presidencial, e conversarem a respeito. Outro apelo veio do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, ao afirmar que o “governo tem confiança no Senado e no bom senso dos senadores”.

    O movimento em prol de Fachin tenta conter uma possível rebelião da base aliada, com o aval da oposição no escrutínio, hoje, na Comissão de Constituição e Justiça, após denúncias de que o jurista advogou privadamente para o Estado enquanto procurador do Paraná e ainda teria recebido honorários. No sábado, o Correio revelou que Fachin atuou como advogado para a Companhia de Energia do Paraná (Copel) ao mesmo tempo em que era procurador, cuja função era defender o governo paranaense. Em resposta, Fachin ele limitou a admitir que havia trabalhado para a empresa e que se tratava de uma sociedade de economia mista, apesar de o Estado ter 31% das ações.

    No voo para Joinville, Dilma levou não só Renan Calheiros, como os senadores Blairo Maggi (PR-MT); Valdir Raupp (PMDB-RO); Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM); Delcídio Amaral (PT-MS); Gleisi Hoffman (PT-PR); Sandra Braga (PMDB-AM), o marido dela, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga; além dos ministros da Agricultura, Katia Abreu; das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e Ideli Salvatti. A maioria dos senadores voltou em outro avião, longe de Dilma. Porém, a presidente fez questão da presença de Renan na aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) presidencial nos dois trechos da viagem.

     

    Elogios

    No apelo para assegurar uma vitória no Senado, o ministro Edinho Silva elogiou ontem a carreira jurídica de Fachin. “Estamos falando de um jurista respeitado, reconhecido. Agora, cabe ao Senado fazer a sabatina e fazer a apreciação do nome do ministro. O governo tem confiança no Senado e no bom senso dos senadores e no currículo de um dos maiores juristas do país”, enalteceu o gaúcho. Desde a leitura do relatório na CCJ, Fachin tem sido alvo de ataques e polêmicas em torno da atuação entre 1990 e 2006. Na semana passada, duas notas técnicas da consultoria jurídica da Casa divergiram sobre a postura dele quando atuou como advogado particular e procurador.

     Para evitar polemizar o tema, Renan tem soltado recorrentes comunicados oficiais rebatendo que as notas técnicas se tratam de posições dos consultores legislativos que as assinam, não uma visão da Casa. Na última, divulgada no domingo, o presidente alegou se tratar de “considerações subjetivas e não substituem o Senado”. “Em face dos dois pareceres oriundos da consultoria legislativa, cabe reiterar que se tratam de considerações subjetivas e não substituem o Senado Federal. Ninguém individualmente, sobretudo órgãos consultivos internos, está acima da instituição que sempre se manifesta pela maioria dos senadores em plenário”, afirmou.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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