Possível fechamento de departamento do Banco Central em Porto Alegre causa preocupação com escassez de troco

    Sindicalistas dizem que decisão de encerrar unidade responsável por distribuição de cédulas e moedas trará prejuízos à população, mas BC nega risco

    Servidores do Banco Central (BC) do Brasil em Porto Alegre realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (1º) contra o possível fechamento do departamento responsável pela distribuição de cédulas e moedas aos bancos no Estado. O sindicato que representa a categoria argumenta que a medida trará impactos para o Rio Grande do Sul, como a escassez de troco, especialmente de moedas, a deterioração da qualidade do dinheiro em circulação e prejuízos ao monitoramento das falsificações. O BC nega haver qualquer prejuízo à população com a medida.

    O ato foi realizado em frente à sede do BC, na Rua Sete de Setembro, no Centro. Segundo o  Sindicato Nacional dos Funcionários do BC no Rio Grande do Sul (Sinal-RS), que organizou a manifestação, a decisão de fechamento do departamento foi tomada pela diretoria administrativa do órgão e informada aos servidores, mas ainda não houve comunicado oficial e nem definição sobre data do possível encerramento das atividades.

    O presidente do Sinal-RS, Gustavo Diefenthaeler, afirma que alguns impactos da medida seriam sentidos de forma imediata, como a redução das moedas em circulação. Conforme o sindicato, em 2017 o RS distribuiu 10 vezes mais moedas metálicas do que Santa Catarina, que não possui uma unidade do Departamento do Meio Circulante (Mecir). A retirada de circulação do dinheiro que estiver em más condições também é responsabilidade do órgão. Sem a unidade no Estado as cédulas e moedas danificadas não seriam retiradas e destruídas com a mesma regularidade.

    Para o sindicato isso também pode facilitar as falsificações, por dificultar a identificação do que seria o dinheiro legítimo danificado e o ilegal. A regional de Porto Alegre foi pioneira na classificação e catalogação dos tipos de falsificação de dinheiro. Para o sindicato, o fechamento da unidade pode representar um enfraquecimento da presença do BC no Estado. Uma reunião entre os sindicalistas e a direção do BC será realizada na tarde desta quinta-feira, às 14h30min, em Brasília, para esclarecimentos. Com a mobilização, os servidores esperam conseguir que o órgão desista do fechamento.

    O departamento

    Entre as atividades do Departamento do Meio Circulante (Mecir),  que funciona na Avenida Alberto Bins, no Centro, está a aquisição de cédulas e moedas,  além do recebimento, conferências, seleção e troca do dinheiro danificado, que precisa ser encaminhado para destruição. O departamento também fornece informações e apoia as entidades responsáveis pelo combate à falsificação.

    Ainda conforme o sindicato, no departamento atuam 30 servidores, que seriam remanejados para novas áreas e podem ser realocados para outros Estados. Já os terceirizados, como vigilantes e profissionais de manutenção, em torno de 40 pessoas, seriam desligados.

    CONTRAPONTO

    Por meio de nota, o Banco Central afirma não haver prejuízos à população com a medida:

    “A distribuição direta de cédulas e moedas à rede bancária é feita pelo Banco do Brasil, que atua como custodiante do Banco Central (BC). Por sua vez, a distribuição de cédulas e moedas à economia e à população é feita pela rede bancária. Independentemente de qualquer decisão administrativa em relação ao BC em Porto Alegre, o Banco do Brasil, a rede bancária, a economia e a população continuarão sendo abastecidos, direta ou indiretamente, pelo BC. Cabe destacar que funciona assim na quase totalidade dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros, incluindo 17 capitais de Estado. Portanto, a população do Rio Grande do Sul não tem motivos para se preocupar.”

    Fonte: Zero Hora

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