Poupança continua em alta

    Investimento mais popular do país registra, em janeiro, o 23º mês consecutivo de resultado positivo, com captação de R$ 1,7 bilhão. Brasileiros economizam mais por falta de clareza nos rumos da economia do país. Para especialistas, esse movimento permanecerá por todo o ano

    ANTONIO TEMÓTEO

    Mesmo com a inflação em alta e a expectativa de um ano de turbulências na economia, o brasileiro tem poupado cada vez mais. Relatório divulgado ontem pelo Banco Central apontou captação líquida positiva de R$ 1,7 bilhão em janeiro — o 23º mês consecutivo de resultado positivo. O desempenho engloba o pagamento de rendimentos de R$ 3,1 bilhões e o saldo total chegou a R$ 602,7 bilhões, ante R$ 597,9 bilhões de dezembro de 2013.

    O indicador do Banco Central leva em consideração o volume de depósitos, que chegou a R$ 127,6 bilhões no mês passado, contra os saques que foram de R$ 125,9 bilhões. Apesar do quadro favorável, até 30 de janeiro as retiradas superavam os ingressos em R$ 790 milhões e, somente no último dia daquele mês, o resultado positivo se deu pelo ingresso líquido de R$ 2,5 bilhões.

    O economista da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) Miguel Ribeiro de Oliveira avaliou que o brasileiro está mais consciente da necessidade de poupar. Ele ainda comentou que as expectativas de um ano difícil para a economia tem incentivado ainda mais as pessoas a guardarem as economias. “A tendência é de que o aumento no saldo da poupança continue por todo o ano porque ainda falta clareza sobre os rumos da atividade econômica”, disse.

    Para o professor no Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Ricardo Rocha, com o aumento da taxa de juros, a poupança se tornou mais atrativa do que outros investimentos porque não há cobrança de taxa de administração nem incidência do Imposto de Renda. Ele ressaltou que os bancos também têm investido em campanhas para incentivar os clientes a guardar dinheiro. “As instituições financeiras precisam aumentar o saldo de poupança para aumentar a liberação de crédito imobiliário. Dessa forma, tanto as públicas quanto as privadas têm feito ações direcionadas para aumentar as reservas”, completou.

    Consumo
    Na avaliação do especialista em finanças pessoais e professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) Sílvio Paixão, o brasileiro que poupa não analisa as expectativas do mercado como quem lida diariamente com o assunto. Mesmo assim, com o desemprego em baixa e o aumento da renda, ele se sente confiante para fazer economia. “Esse poupador não observa chuvas e trovoadas que estão sendo anunciadas e que podem não se concretizar. Ele está mais seguro porque está trabalhando e ganha melhor”, afirmou. 

    Paixão ainda explicou que, após a explosão do consumo, em que grande parte dos brasileiros contraiu dívidas para comprar um carro, um imóvel ou uma geladeira, ficou nítido que o nível de poupança deveria aumentar. “A maioria das pessoas não troca de automóvel todo ano ou compra uma televisão a cada seis meses. Assim, o dinheiro que sobra vai para a poupança, que tem se tornado um investimento atrativo”, finalizou.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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