Prejuízos para o BC

    Banco CENTRAL (BC) avalia a escalada do dólar frente o real como preocupante, considerando o risco de a disparada das cotações pressionar ainda mais a inflação, à medida que produtos importados ficam mais caros para o consumidor. Mas a intensidade do “repasse” do câmbio para o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que já está acima do teto (6,5%) da meta anual de 4,5%, não é seu único receio. O outro é a perda bilionária com operações para conter as variações moeda norte-americana.

    O BC mantém, desde 22 de agosto de 2013, programa de venda de dólares batizado de “ração diária” ao mercado. Diariamente, são despejados US$ 200 milhões em leilões de swap, que equivalem a uma venda de moeda a uma data futura. Com a operação, o BC persegue dois alvos: primeiro, garantir dólares para quem tiver necessidade de comprar e, segundo, travar a cotação do câmbio num patamar abaixo do negociado no mercado à vista. Se a moeda cair abaixo da taxa ofertada pelo BC, a autoridade monetária obtém ganhos na operação. Caso contrário, amarga prejuízos.

    Em agosto, o saldo foi positivo para o governo em R$ 2,48 bilhões, graças ao recuo de 1,37% do dólar. Mas no mês seguinte a situação se inverteu. O governo ainda não informou qual o tamanho da perda em setembro, mas é possível imaginar que será bem maior do que o “lucro” do mês anterior. Contribui para isso a consolidação da liderança da presidente Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de intenção de voto e a queda da Marina Silva (PSB), levando a bolsa despencar 11,7% no mês passado e o dólar disparar 9,3%.

    Para tentar estancar a alta, o BC intensificou as intervenções sobre o câmbio. Além dos leilões diários de swaps, sinalizou que passará a rolar integralmente os contratos de venda ofertados fora do programa, o que ocorreu novamente ontem. Após o dólar avançar quase 2% no mercado futuro, cotado acima de R$ 2,50, o BC recomprou os 8 mil contratos que estavam por vencer. Até então, só 70% desses contratos vinham sendo renovados semanalmente. Os swap ajudaram a reduzir em R$ 20 bilhões o gasto com juros da dívida pública. Em 2013, quando o BC perdeu com as operações, a conta subiu R$ 1,31 bilhão.

     

    Fonte: Correio Braziliense

    Matéria anteriorPior resultado desde 1998
    Matéria seguinteARTIGO – Candidatos e a multiplicação das moedas