Presidente do BC afirma que juro baixo depende de reformas

    EM ATA, COPOM INDICA NOVO CORTE NA TAXA E DIZ QUE INFLAÇÃO SERÁ DE 2,9%

    -BRASÍLIA E SÃO PAULO- O Comitê de Política Monetária (Copom), em sua ata da última reunião, divulgada ontem, e o próprio presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disseram que a manutenção dos Jurosbaixos depende da aprovação das reformas fiscais, principalmente a da Previdência.

    “Todos os membros do Comitê voltaram a enfatizar que a aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira são fundamentais para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de Juros estrutural da economia”, frisou a ata.

    Em evento em São Paulo, Goldfajn, afirmou que, sem reformas, a inflação pode subir:

    —A frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória de inflação no horizonte relevante para a política monetária —disse.

    Mesmo com o alerta sobre as reformas, a ata mostrou que o BC pretende continuar baixando Juros, que já estão na mínima histórica, na próxima reunião em fevereiro, mas num ritmo menor. A Taxa Básica de Juros, a Selic, que está em 7% ao ano, poderia chegar a 6,75%. Na última reunião, a taxa caíra de 7,5% para 7%.

    “Caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma nova redução moderada na magnitude de flexibilização monetária.

    Nas contas do Copom, a inflação deve encerrar o ano em 2,9%, abaixo do limite mínimo fixado pelo governo de 3%. Se isso ocorrer, Goldfajn terá de enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para explicar os motivos de não ter cumprido a meta. Para o ano que vem e 2019, a estimativa é de IPCA de 4,2%. A meta é de 4,5% podendo oscilar entre 3% e 6%. IMPACTO DA BANDEIRA TARIFÁRIA Entre os riscos listados pelo Copom ao cenário previsto estão possíveis efeitos secundários da queda nos preços de alimentos e da inflação de bens industriais. Esse é considerado um risco do bem, que levaria a inflação ainda mais para baixo. No entanto, o BC vê chances de os reajustes voltarem.

    De acordo com a ata, a não aprovação das reformas pode afetar prêmios de risco, fazendo o Brasil ficar mais caro. Uma alta do dólar faria com que os preços internos aumentassem.

    Por isso, o BC alertou que sua sinalização de cortar 0,25 ponto percentual não é tão certa quanto as previsões anteriores.

    “Essa visão para a próxima reunião é mais suscetível a mudanças na evolução do cenário e seus riscos que nas reuniões anteriores. Para frente, o Comitê entende que o atual estágio do ciclo recomenda cautela na condução da política monetária”

    O Copom dedicou parte da reunião para discutir o aumento da conta de luz. Os diretores avaliaram os impactos das alterações recentes nas bandeiras tarifárias na inflação para o ano que vem. O efeito tem sido neutralizado pela queda dos alimentos.

    Segundo Goldfajn, falando em evento da Febraban, o processo de queda de Juros deve continuar, mas dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.

    Fonte: O Globo

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